Estudantes manifestam-se em Lisboa, Coimbra e Braga contra assédio no ensino superior

Os estudantes pedem gabinetes independente de apoio psicológico e jurídico, códigos de conduta que assegurem “uma efectiva resposta” e a promoção de medidas sancionatórias eficientes.

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Protesto em Abril já pedia o fim do assédio sexual na academia tiago lopes

Estudantes do ensino superior vão estar esta terça-feira em protesto, em várias cidades do país, contra o assédio moral e sexual nas instituições e a exigir uma "academia segura e inclusiva".

As manifestações foram convocadas pelo movimento "Academia Não Assedia" e estão marcadas para as 18h. Em Lisboa, os estudantes vão manifestar-se em frente à reitoria da Universidade de Lisboa, em Coimbra, é na Praça de D. Dinis, e em Braga, no campus de Gualtar da Universidade do Minho.

"O assédio no meio académico dura há demasiado tempo e com a complacência da comunidade académica. Juntamo-nos para dizer basta. O assédio não tem lugar nas nossas universidades", refere o manifesto do movimento.

Recordando casos conhecidos desde o ano passado, na Faculdade de Direito e no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, ou no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, os estudantes referem que "o assédio na academia é generalizado".

Para responder ao problema, defendem a criação de um gabinete independente de apoio psicológico e jurídico em todas as universidades, a criação de códigos de conduta que assegurem "uma efectiva resposta a casos de assédio" e a promoção de medidas sancionatórias eficientes.

Pedem também a realização de questionários institucionais anónimos, para apurar o número actualizado de situações de assédio, a distribuição de informação sobre os mecanismos de apoio e a garantia de que as vítimas não sejam avaliadas por docentes contra quem fizeram queixa.

"Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, cabe assegurar acções de formação obrigatória a todo o corpo docente sobre pedagogia e assédio sexual e moral, bem como racismo, xenofobia ou orientação sexual, incluindo uma formação sobre assédio em contexto laboral", acrescenta o manifesto.

Em Abril, o Ministério lançou um inquérito na sequência da divulgação de várias notícias sobre casos de assédio sexual e moral no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. O inquérito revelou, na altura, 38 queixas de assédio sexual nos últimos cinco anos, dos quais quatro resultaram em sanções.

Entretanto, o Governo anunciou a constituição de uma comissão responsável por definir uma estratégia de prevenção do assédio nas universidades e politécnicos, constituída por representantes das instituições, de federações e associações de estudantes, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e da Comissão para Igualdade no Trabalho e no Emprego.

A equipa está responsável por elaborar uma estratégia de prevenção e combate ao assédio nas instituições de ensino superior, dirigida a docentes, investigadores, trabalhadores não docentes e estudantes.

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