A longa caminhada do cinema desde o grande até aos pequenos ecrãs

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Hoje, 5 de novembro, comemora-se o Dia Mundial do Cinema. Este é o momento para evocação de uma história ainda em permanente construção. Uma história que se fez, se faz e se fará, trilhando caminhos que nos conduzem a homens e mulheres prodigiosos, audazes, criativos, desafiadores e inconformados.

Foi com os irmãos Lumière que a 28 de dezembro de 1895 na Salle Indienne do Grand Café em Paris, e perante uma plateia atónita, que o cinema se apresentou pela primeira vez publicamente, como se de um espetáculo de magia se tratasse. A partir desse momento e ao longo de várias décadas, o cinema encetou uma longa caminhada evolutiva até aos dias de hoje.

As imagens em movimento, que na sua génese surgiram órfãs do som, alcançaram mais tarde a palavra pela envolvência do sonoro, depois a cor, as três dimensões e inúmeras outras inovações capazes de seduzir o espectador ávido de novidades.

Através dos constantes avanços tecnológicos, a indústria tem vindo a procurar proporcionar aos espectadores um maior número de experiências ao nível sensorial. O advento da tecnologia digital tem vindo a provocar inúmeras mutações no universo cinematográfico. O ato de fazer cinema tem vindo cada vez mais a democratizar-se por se revelar cada vez mais acessível e imediato.

Mas o advento do digital não veio apenas proporcionar novos recursos à produção cinematográfica. A chegada do digital veio também permitir o surgimento de novas formas de ver cinema. Diversificaram-se as formas de difusão cinematográfica e o grande ecrã da clássica sala escura, habitat natural e privilegiado do cinema durante décadas, perdeu exclusividade. Os filmes que já surgiam na televisão desde meados do século passado passaram agora também a percorrer os mais variados canais digitais da internet e passaram a ocupar um lugar de grande destaque numa imensa panóplia de dispositivos móveis, com sempre novas e cada vez mais inovadoras e sofisticadas capacidades multimédia.

Outrora contempladas exclusivamente em sessões coletivas, porque o cinema sempre se afirmou como um “espetáculo social”, as imagens em movimento passaram a estar também acessíveis a uma contemplação individual e onde consumidor tem o poder aparentemente infinito de selecionar e controlar os conteúdos a que pretende assistir no seu dispositivo móvel. Têm vindo cada vez mais a alterar-se os “modos de consumir cinema”… Transita-se do grande para os pequenos ecrãs.

128 anos depois da sessão promovida pelos irmãos Lumière em Paris, o cinema, enquanto arte e forma expressiva e privilegiada de comunicação, continua a evoluir adaptando-se aos mais diversos condicionalismos e procurando chegar cada vez mais longe. Uma marcha evolutiva, quer do ponto de vista da técnica quer do ponto de vista do pensamento e forma de expressão, e que continua a levar a “sétima arte” ao quotidiano de um, cada vez maior, número de espectadores, distribuídos pelos cinco continentes.


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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