Depressão Ciarán mata seis pessoas na Europa e causa distúrbios

Quedas de árvores foram a principal causa da morte de pessoas em vários países europeus. Mau tempo desalojou temporariamente pessoas e obrigou à paragem de aeroportos, escolas e comboios.

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Uma onda atinge o farol de Newhaven em Inglaterra Andy Rain/EPA

A depressão Ciarán matou seis pessoas na Bélgica, em Espanha, na França e nos Países Baixos. Fenómenos de queda de árvores ou de ramos foram os grandes responsáveis pelos acidentes fatais, causados pelo mau tempo, que obrigou à paragem de escolas, de aeroportos e de comboios.

Uma criança de cinco anos e uma mulher alemã de 64 anos morreram em Gante, na Bélgica, depois da queda de ramos. Em Madrid, a queda de uma árvore causou a morte de uma mulher. Em França, um condutor de um camião foi morto também devido à queda de uma árvore, e em Le Havre, uma cidade costeira da Normandia, as autoridades anunciaram mais uma morte, de acordo com a agência Reuters. No Sul dos Países Baixos, uma pessoa morreu por causa da queda de árvores.

Em França, além das duas mortes, 15 pessoas ficaram feridas, incluindo sete bombeiros, de acordo com o ministro do Interior, Gérald Darmanin, adianta a Reuters.

Traineiras de pesca no mar enquanto as ondas batem contra a parede do porto durante a tempestade Ciarán em Folkestone, Kent, Grã-Bretanha, 2 de Novembro de 2023. A tempestade está a causar graves perturbações no sul de Inglaterra, com ventos fortes e chuva EPA/Stuart Brock
Fotografia aérea tirada com um drone de um parque de caravanas inundado nas margens do rio Derwent em Stamford Bridge, Grã-Bretanha, 30 de Outubro de 2023 EPA/ADAM VAUGHAN
Uma árvore caída durante a tempestade Ciarán em Perros-Guirec, Bretanha, França, 2 de Novembro de 2023,Uma árvore caída durante a tempestade Ciarán em Perros-Guirec, Bretanha, França, 2 de Novembro de 2023 Reuters/BENOIT TESSIER
Um cão de pé na água que corre pelas ruas depois de fortes chuvas terem causado grandes inundações, antes da chegada da tempestade Ciarán, no centro da cidade de Newry, na Irlanda do Norte, a 31 de Outubro de 2023 Reuters/CLODAGH KILCOYNE
Pessoas carregam um barco enquanto tentam navegar através da água que corre pelas ruas depois de fortes chuvas terem causado grandes inundações, antes da chegada da tempestade Ciarán, no centro da cidade de Newry, Irlanda do Norte, a 31 de Outubro de 2023 Reuters/CLODAGH KILCOYNE
Uma mulher tenta caminhar na água que corre pelas ruas depois de fortes chuvas terem causado grandes inundações, ainda antes da chegada da tempestade Ciarán, no centro da cidade de Newry, na Irlanda do Norte, a 31 de Outubro de 2023 Reuters/CLODAGH KILCOYNE
Pessoas enfrentam o vento e a chuva em Roterdão, Países Baixos, a 2 de Novembro de 2023, antes da tempestade Ciarán. O Instituto Meteorológico Real dos Países Baixos emitiu um aviso de Código Laranja de ventos muito fortes para as províncias costeiras devido à aproximação da tempestade EPA/JEFFREY GROENEWEG
Um homem carrega um guarda-chuva e caminha contra o vento no passeio marítimo da cidade de A Coruña, região da Galiza, noroeste de Espanha, 2 de Novembro de 2023. A tempestade Ciarán fez activar avisos em toda a Espanha, excepto nas Ilhas Canárias, devido a chuvas fortes, rajadas de vento de até 110 km/h e tempestades marítimas, com maior incidência na região da Galiza, que está em alerta vermelho EPA/CABALAR
Pessoas limpam árvores caídas na estrada durante a tempestade Ciarán em Dover, Kent, Grã-Bretanha, a 2 de Novembro de 2023. A tempestade Ciarán provocou o cancelamento de alguns serviços de ferry durante a noite. A tempestade está a causar graves perturbações no sul de Inglaterra, com ventos fortes e chuva EPA/Stuart Brock
Vista de um carro esmagado por um tronco devido aos fortes ventos causados pela tempestade Ciarán em Madrid, no centro de Espanha, a 2 de Novembro EPA/RODRIGO JIMENEZ
Um surfista tenta navegar num mar agitado durante a tempestade Ciarán, em Tramore, Irlanda, a 2 de Novembro de 2023 Reuters/CLODAGH KILCOYNE
Uma árvore caída perto de uma casa durante a tempestade Ciarán em Quimperle, Bretanha, França, 2 de Novembro de 2023 Reuters/STEPHANE MAHE
Uma árvore caída numa estrada durante a tempestade Ciarán em Couville, perto de Cherbourg, Normandia, França, 2 de Novembro de 2023 Reuters/PASCAL ROSSIGNOL
Danos numa propriedade perto do mar, em Kerlouan, no departamento de Finistère, na Bretanha, noroeste de França, 2 de Novembro de 2023. Foi emitido um alerta vermelho para ventos fortes e inundações no departamento de Finistère EPA/VINCENT FEURAY
Danos numa propriedade perto do mar, em Kerlouan, no departamento de Finistère, na Bretanha, noroeste de França, 2 de Novembro de 2023 EPA/VINCENT FEURAY
Uma estrutura danificada em Kerlouan, no departamento de Finistère, na Bretanha, noroeste de França, 2 de Novembro de 2023 EPA/VINCENT FEURAY
Ramos de árvores sobre um carro danificado durante a tempestade Ciarán em Clohars-Carnoet, Bretanha, França, 2 de Novembro de 2023 Reuters/STEPHANE MAHE
Pessoas caminham à chuva enquanto a tempestade Ciarán atinge a costa norte de Espanha, em Bermeo, Espanha, a 2 de Novembro de 2023 Reuters/VINCENT WEST
A polícia e os trabalhadores de emergência protegem uma cobertura junto a uma árvore caída que matou uma mulher durante a tempestade Ciarán no centro de Madrid, Espanha, a 2 de Novembro de 2023 Reuters/SUSANA VERA
Uma onda de maré alta rebenta na marina de Brighton, em Brighton, na Grã-Bretanha, a 2 de Novembro de 2023 EPA/ANDY RAIN
Ventos fortes dobram o guarda-chuva de uma mulher durante a tempestade Ciarán no centro de Madrid, Espanha, a 2 de Novembro de 2023 Reuters/SUSANA VERA
Traineiras de pesca no mar enquanto as ondas batem contra o porto durante a tempestade Ciarán em Folkestone, Kent, Grã-Bretanha, 2 de Novembro de 2023. A tempestade está a causar graves perturbações no sul de Inglaterra, com ventos fortes e chuva EPA/Stuart Brock
Viajantes aguardam na sala de embarque enquanto a tempestade Ciarán perturba a circulação ferroviária na Estação Sul de Bruxelas, Bélgica, 2 de Novembro de 2023. Por razões de segurança, os comboios regulares respeitarão um limite de velocidade de 80 km/h. As linhas de alta velocidade estão limitadas a 160 km/h. O Met Office belga alertou para "vento muito forte" que pode causar danos e perturbações no tráfego EPA/OLIVIER MATTHYS
Uma pessoa salta contra o vento enquanto caminha ao longo da costa em Vlissingen, Países Baixos, a 2 de Novembro de 2023, durante a tempestade Ciarán. O Instituto Meteorológico Real dos Países Baixos emitiu um aviso de Código Laranja de ventos muito fortes para as províncias costeiras neerlandesas devido à tempestade EPA/JEFFREY GROENWEG
Bombeiros holandeses cortam e limpam uma árvore desenraizada no centro comercial Leyenburg em Haia, Países Baixos, a 2 de Novembro de 2023, na sequência da tempestade Ciarán. Uma mulher ficou presa e teve de ser libertada pelos bombeiros EPA/SEM VAN DER WAL
Um ciclista passa por árvores partidas num parque durante a tempestade Ciarán, em Ghent, Bélgica, a 2 de Novembro de 2023 Reuters/YVES HERMAN
Espuma de algas arrastada para a costa enquanto ondas enormes atingem a costa perto da praia de Fouxeira em Valdovino, província de A Coruña, região da Galiza, noroeste de Espanha, 2 de Novembro de 2023 EPA/KIKO DELGADO
Uma pessoa caminha por entre os escombros de um frontão derrubado pelo vento em Cerecinos de Carrizal, província de Zamora, centro de Espanha, 2 de Novembro de 2023 EPA/Mariam A. Montesinos
Bombeiros trabalham no local onde uma jovem morreu depois de ter sido atingida por uma árvore arrancada pelo vento forte em Madrid, no centro de Espanha, 2 de Novembro de 2023 EPA/Rodrigo Jimenez
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Traineiras de pesca no mar enquanto as ondas batem contra a parede do porto durante a tempestade Ciarán em Folkestone, Kent, Grã-Bretanha, 2 de Novembro de 2023. A tempestade está a causar graves perturbações no sul de Inglaterra, com ventos fortes e chuva EPA/Stuart Brock

A queda de árvores era um dos perigos anunciados devido à depressão Ciarán e os seus ventos fortíssimos que se previa que incidiriam principalmente em países como a Bélgica, a França, os Países Baixos e o Reino Unido. Em Finistère, na costa da Bretanha (França), os ventos atingiram os 130 quilómetros por hora provocando ondas de 20 metros, avança a Reuters.

A depressão Ciarán, como todas as depressões, causou uma diminuição da pressão à superfície, devido ao rápido movimento do ar ascendente, que causa também precipitação. No entanto, esta depressão provocou uma enorme queda da pressão, atingindo apenas os 954,3 milibares em Plymouth, na Inglaterra, um recorde para o mês de Novembro, de acordo com a BBC News.

Além dos acidentes fatais e dos feridos, 1300 pessoas tiveram de ser realojadas em abrigos temporários na França. Na cidade de Brest, em Finistère, várias casas foram evacuadas. Nos Países Baixos, centenas de voos foram cancelados assim como as viagens ferroviárias entre Amesterdão e Paris.

Antes de atingir terra firme, a depressão já tinha causado chuva e ventos fortes e inundações tanto na Irlanda do Norte como em partes da Grã-Bretanha.

Em Espanha, 42 voos também foram cancelados. Na Galiza, eram esperadas ondas de nove metros. A agência meteorológica espanhola lançou avisos vermelhos para aquela região e também para a Cantábria.

Em Portugal, 885 ocorrências

Na quarta-feira, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tinha informado, num comunicado, que Portugal não viveria os efeitos directos da depressão, embora estivesse “prevista a passagem da superfície frontal fria” associada à depressão “durante a madrugada e manhã” de quinta-feira, lê-se no comunicado do IPMA.

Ao longo de quinta-feira, entre a meia-noite e as 15 horas, foram registadas 885 ocorrências associadas ao mau tempo, segundo a Protecção Civil. Destas, 630 estavam associadas a quedas de árvores, 153 a quedas de estruturas, 80 a inundações, 59 a limpeza das vias e 12 a deslizamentos de terras, avançou a agência Lusa. A maioria das ocorrências foi no Norte e no Centro do continente.

De acordo com o IPMA, a depressão iria causar ventos fortes em Portugal, que poderiam durante esta quinta-feira atingir rajadas de 90 quilómetros por hora no Norte e no Centro do país, com máximos de 110 quilómetros por hora nas regiões montanhosas.

Nas regiões costeiras, a forte ondulação obrigou o IPMA a colocar alerta vermelho esta quinta-feira para os distritos de Viana do Castelo até Coimbra, alastrando na sexta-feira o alerta vermelho até Lisboa, com a possibilidade de ondas até aos oito metros de altura.

Tempestade Domingos chega no sábado

Também já há nome e data para a próxima tempestade: a depressão Domingos deverá causar mau tempo em Portugal continental no sábado, mas o território não vai ser “directamente atingido pela tempestade”, afirma o IPMA num comunicado divulgado esta quinta-feira. A depressão desloca-se ao longo do Atlântico em direcção a leste e no dia 4 de Novembro deverá estar centrada a sul da Irlanda, afectando "significativamente" a costa Norte de Espanha e a região do Golfo da Biscaia.

A passagem da superfície frontal fria associada a esta depressão “originará períodos de chuva forte e persistente na noite e manhã de dia 4 [de Novembro] no Norte e Centro do país”, em especial no litoral e nas regiões montanhosas. A chuva deverá passar a aguaceiros durante a tarde e, no Sul, prevê-se que a chuva seja “moderada a fraca”. O IPMA também refere que haverá agitação marítima forte e que o vento terá uma “intensificação” a partir do final de sexta-feira.

A superfície frontal fria da depressão Domingos deverá também atravessar o arquipélago da Madeira durante o final do dia de sábado, “embora sem severidade”, refere o IPMA.

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