Presidente da Sérvia dissolve Parlamento e convoca eleições para Dezembro

Decisão de Aleksandar Vucic anunciada um dia depois da visita a Belgrado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

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Aleksandar Vucic recebeu Ursula von der Leyen em Belgrado Reuters/MARKO DJURICA

O Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, dissolveu esta quarta-feira o Parlamento e convocou eleições antecipadas para 17 de Dezembro, com o objectivo de consolidar a sua autoridade enquanto procura normalizar as relações com o Kosovo, a principal condição prévia para a adesão à União Europeia.

As eleições legislativas coincidirão com as eleições autárquicas em 65 municípios, incluindo a capital Belgrado.

Os especialistas dizem que a votação e a ausência de um Parlamento em funcionamento permitirão a Vucic ganhar tempo e adiar decisões sobre as relações com o Kosovo independente e predominantemente albanês, que a Sérvia ainda vê como a sua província do sul.

“Estamos a viver numa época em que é necessário que todos nós estejamos unidos na luta pelos interesses vitais da Sérvia, em que estaremos sob numerosas pressões, tanto devido à nossa posição sobre o Kosovo, como devido a outras questões regionais e globais”, disse Vucic depois de assinar o decreto.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse durante uma visita a Belgrado na terça-feira que tanto a Sérvia como o Kosovo devem intensificar os seus esforços para normalizar as relações após o mais recente surto de violência, se quiserem aderir ao bloco.

A Sérvia precisa também de aderir às sanções ocidentais contra a Rússia devido à invasão da Ucrânia, erradicar a corrupção e o crime organizado, reformar a economia, melhorar o sistema judicial, o clima empresarial e o seu registo de direitos humanos.

Segundo os comentadores, a iniciativa de Vucic visa também solidificar as suas próprias fileiras e reformar o Partido Progressista Sérvio (SNS), no poder, cuja popularidade foi abalada após meses de protestos da oposição, na sequência dos dois tiroteios em massa ocorridos em Maio.

Segundo o instituto de sondagens Stata, de Belgrado, a aliança liderada pelo SNS obterá cerca de 44% dos votos e terá de procurar aliados para formar uma maioria no Parlamento de 250 lugares.

A coligação opositora Contra a Violência, composta por partidos de esquerda, verdes e centristas, tem 38% dos votos. Já os partidos ultranacionalistas e pró-russos deverão obter, em conjunto, cerca de 11% dos votos, segundo a Stata.

Vucic, que no ano passado assegurou o seu segundo mandato de cinco anos, demitiu-se da direcção do SNS em Maio, mas continua a exercer uma influência considerável sobre as políticas do partido.

Os partidos da oposição e os grupos de defesa dos direitos humanos acusam Vucic, o SNS e os seus aliados de autocracia, opressão da liberdade de imprensa, fraude eleitoral, violência contra os opositores políticos, corrupção e ligações com o crime organizado. Vucic e os seus aliados negam as acusações.

Depois de assinar o decreto, Vucic afirmou que era importante para a Sérvia “preservar a paz, a estabilidade e a coesão interna e a democracia”.

“Esta campanha é uma oportunidade para apresentar diferentes ideias, programas e políticas, mas que nunca devem ameaçar os interesses vitais da Sérvia”, afirmou.

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