BPI renegociou 950 milhões de euros em créditos à habitação

Carteira total de empréstimos para a casa ascende a 14.600 milhões de euros. Lucro até Setembro sobe para 35%, para 390 milhões. Diferença entre juros cobrados e pagos subiu 84%, para 374 milhões.

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João Pedro Oliveira e Costa, presidente do BPI LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O BPI renegociou créditos à habitação no valor de 950 milhões de euros entre Janeiro e Setembro deste ano, quer ao abrigo da legislação do Governo, quer por iniciativa do próprio banco, que apresentou contas trimestrais com um aumento de 35% nos lucros, para 390 milhões de euros desde Janeiro.

Os créditos renegociados ao abrigo do Decreto-lei n.º 80-A/2022 valiam 414 milhões de euros (2,8% do montante total dos créditos), abrangendo 3400 clientes (2,1% do total).

Já questionado sobre as renegociações à parte da legislação, o banco disse que o total de renegociações (incluídas no decreto-lei e por iniciativa do banco) abrangeu créditos no montante total de 950 milhões de euros.

A carteira total de crédito à habitação do BPI ascendia, em Setembro, a 14.600 milhões de euros, referentes a 220 mil contratos.

Quanto à bonificação de juros (o Estado paga a clientes em dificuldades, segundo alguns critérios, parte dos juros), o BPI tem 4700 clientes a beneficiar e, em média, a bonificação de juros é de dez euros mensais.

Na conferência de imprensa desta segunda-feira, os responsáveis do BPI disseram que ainda não sabem como será aplicada a retroactividade do alargamento da bonificação de juros, que entra em vigor esta semana, com efeitos retroactivos a Janeiro. Assim, passa a ser maior o universo de pessoas que beneficia dos juros bonificados e, ao mesmo tempo, quem já beneficiava pode receber mais.

A Lusa questionou o Governo sobre como terão os cidadãos acesso ao reforço dos apoios, com efeitos a Janeiro, tendo o Ministério das Finanças respondido em 19 de Outubro que “serão pagos os montantes devidos de acordo com as novas regras, desde essa altura [Janeiro]”. Contudo, não explicou como será feito.

O BPI confirmou ainda esta segunda-feira que, pelas regras, os clientes que renegociaram créditos ao abrigo do regime PARI (Plano de Acção para o Risco de Incumprimento) não podem aderir ao regime de fixação da prestação do crédito à habitação durante dois anos (medida que também entra em vigor esta semana).

A rápida subida das taxas de juro tem levado muitas famílias a terem dificuldades em pagar os créditos à habitação, motivo pelo qual os bancos têm renegociado contratos de crédito e o Governo criou legislação para aliviar, no imediato, esse pagamento.

O BPI disse ainda que em 2023 têm aumentado os reembolsos antecipados de crédito à habitação (clientes que pagam antecipadamente o crédito, parcial ou totalmente, para evitar o aumento dos juros), tal como em 2022 já tinham aumentado face a 2021, mas não quis divulgar o valor dos reembolsos antecipados.

O presidente do BPI argumenta ainda que só devem aderir ao regime que permite fixar a prestação do crédito à habitação os clientes com dificuldades, pois, apesar do alívio imediato, há um agravamento no valor total pago pelo crédito.

Questionado sobre o regime que permite fixar a prestação do crédito à habitação por dois anos (que entra em vigor esta quinta-feira), João Pedro Oliveira e Costa defendeu que deve aderir a este regime “quem tem dificuldades e não os restantes”, pois “vão pagar este alívio agora mais à frente” e capitalizando os juros.

“No momento actual, faz sentido aderir, mas é importantes ponderar para aqueles que não tenham essa necessidade, porque a factura vai aparecer mais frente”, explicou na conferência de imprensa de apresentação dos resultados até Setembro.

O presidente do BPI disse que o banco espera que, logo nos primeiros dias de Novembro, apareça um “número significativo de pessoas pelo menos a fazer perguntas e pedir simulações” sobre este regime aprovado pelo Governo.

Além dos lucros de 390 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, o banco divulgou que a margem financeira consolidada (diferença entre juros cobrados nos créditos e juros pagos nos depósitos) subiu 84% para 374 milhões de euros.

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