Redução progressiva dos combustíveis fósseis é “inevitável”, diz Jaber

Al-Jaber, líder da Cimeira do Clima COP28 e de uma petrolífera estatal, diz que países terão de encontrar denominador comum sobre a inclusão de referências aos fósseis e às renováveis no texto final.

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O líder da COP28, Al Jaber, dirige a ADNOC, uma petrolífera estatal com um peso assinalável no mercado dos combustíveis fósseis Reuters/UESLEI MARCELINO

O presidente da próxima Cimeira do Clima (COP28), Ahmed Al-Jaber, afirmou esta segunda-feira que sabe quão controversa é a inclusão de referências aos combustíveis fósseis e às energias renováveis no texto que vai ser negociado no Dubai, de 30 de Novembro a 12 de Dezembro. Mas frisou que um denominador comum terá mesmo de ser encontrado.

“Preciso que [os países] trabalhem em conjunto para apresentar soluções que possam alcançar um alinhamento, um terreno comum e um consenso entre todas as partes”, disse Ahmed Al-Jaber na cimeira que serve de preparação para a COP28, realizada em Abu Dhabi, e que conta com a presença de cerca de 70 ministros e 100 delegações.

Uma decisão crucial que vai ser discutida na COP28, organizada pelos Emirados Árabes Unidos, consiste em saber se os países concordam em eliminar gradualmente os combustíveis fósseis. A queima de carvão, petróleo e gás produz gases com efeito de estufa, que são a principal causa das alterações climáticas.

“Estamos na direcção certa, mas nem de longe estamos a ser suficientemente rápidos”, disse Jaber esta segunda-feira.

Quem é Al-Jaber?

Jaber lidera a empresa Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), uma petrolífera estatal com um peso assinalável no mercado dos fósseis. E, por isso mesmo, foi uma escolha muito polémica para liderar a cimeira. O país que representa, os Emirados Árabes Unidos, é membro da Organização do Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e um grande exportador de petróleo.

Os países ainda estão longe de colmatar o fosso existente entre aqueles que exigem um acordo para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e os que insistem no uso de petróleo, carvão e gás.

Jaber apelou para que a cimeira reunisse todas as partes interessadas, incluindo a indústria dos combustíveis fósseis, e disse que a redução progressiva dos combustíveis fósseis será “inevitável”.

A inclusão de representantes do sector do petróleo e do gás nas negociações algo muito distante do que aconteceu, por exemplo, na Cimeira do Clima de 2021, realizada na Escócia, onde as empresas de energia queixaram-se de terem sido excluídas do evento.

A COP28 é vista como uma oportunidade decisiva para os governos acelerarem as acções para limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, como preconiza o Acordo de Paris, celebrado em 2015.

Quem organiza a próxima COP?

Ainda não está decidido qual país será sede da próxima COP, mas os Emirados Árabes Unidos garantem que não pretendem organizar o evento das Nações Unidas dois anos seguidos.

Os Emirados Árabes não foram convidados e não têm intenção de acolher a COP29, disse Majid Al Suwaidi, director-geral da cimeira da COP28, aos jornalistas na sexta-feira. “Não sediaremos a COP29”, frisou.

A COP29 deveria ter lugar num país da Europa de Leste, mas a oposição russa à realização do evento num país da União Europeia deixou a cimeira climática sem casa. Esta situação suscitou menções na comunicação social de que talvez os Emirados Árabes pudessem novamente acolher o encontro.

Se não for possível chegar a um acordo sobre o país anfitrião da COP29, a solução poderá passar por Bona, na Alemanha, onde está sediado o secretariado do clima das Nações Unidas.

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