Energia geotérmica: um player determinante para acelerar a transição energética

O ano de 2024 irá trazer para cima mesa um valioso complemento de outras fontes renováveis de energia, com elevada eficiência no uso do solo, na necessária transição energética de baixo carbono.

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A procura intensiva de metais e a eficiência energética relativa ao uso do solo, são duas das mais limitativas condições de fronteira para o desejável aumento da velocidade da transição energética. A Europa mudou a sua estratégia em relação aos seus recursos minerais e, neste momento, coloca como prioritária a sua exploração sustentável e a prospeção de novas reservas. Mas estes recursos são finitos no planeta e não é possível conciliar os atuais paradigmas de consumo e mobilidade com a desejada transição energética.

A eficiência das diferentes formas de energia renovável quanto ao uso do solo é outra das grandes limitações da velocidade da transição energética: os biocombustíveis são um exemplo extremo dos impactes negativos da mudança do uso de solo; a implantação de mega centrais de energia solar fotovoltaica começa a revelar a baixa eficiência do uso de solo desta forma de energia.

É neste contexto que outras formas de energia limpas, renováveis e de elevada eficiência no uso do solo começam a ser colocadas como alternativas sérias e complementares, parte da solução para as expetativas criadas nos acordos de Paris em torno da velocidade da transição energética. É o caso da energia geotérmica que, para produção de eletricidade, teve o seu aparecimento no início do século XX e cujo conjunto mais significativos de projetos se concentra em poucas zonas do planeta de fácil acesso à água a elevadas temperaturas, porque pouco profundas. Exemplos de países com longo historial de produção de energia hidrotérmica são os Estados Unidos, Filipinas e Islândia.

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Estação de energia geotérmica na Islândia Ragnar Th Sigurdsson/GettyImages

Já neste século, um novo conceito de “Hot Dry Rock” (“HDR”), formações geológicas de alta temperatura, baixa permeabilidade e a grandes profundidades começou a ganhar forma como fonte de energia de elevado potencial. Os chamados EGS (“Enhanced Geothermal Systems”) são a solução de engenharia para esta nova forma de energia renovável.

Beneficiando da alta tecnologia de perfuração e estimulação da indústria do petróleo e gás, os EGS consistem basicamente na injeção de um líquido até à rocha “HDR” e recuperação desse líquido a elevadas temperaturas. Neste momento os EGS estão já a ser implementados em diferentes escalas (piloto e desenvolvimento) de um modo crescente em vários países, induzindo ideias inovadoras de perfuração a alta profundidade (“Deep Drilling”) e grande eficiência ao nível dos custos, como é o caso da Quaise Energy, uma “spin-out” do MIT, que detém uma patente de perfuração de rochas com base na tecnologia de micro ondas de alta frequência.

Outra ideia inovadora e disruptora desta empresa tem a ver com a economicidade do processo na sua fase de arranque. Trata-se da reutilização do equipamento das centrais de produção de energia a carvão, desativadas, alimentando-as com vapor de água a alta temperatura para a produção de eletricidade. Estes projetos estão em fase de implementação à escala industrial e o ano de 2024 irá trazer para cima mesa, seguramente, mais um valioso complemento de outras fontes renováveis de energia, com elevada eficiência no uso do solo, na necessária transição energética de baixo carbono.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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