China despede ministro da Defesa desaparecido desde Agosto

Saída de Li Shangfu segue-se à demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, em finais de Julho. Pelo meio, dois importantes generais do Exército chinês foram afastados.

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Li Shangfu tinha sido empossado como ministro da Defesa em Março Reuters/CAROLINE CHIA
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O ministro da Defesa da China, Li Shangfu, foi afastado do cargo nesta terça-feira, quase dois meses depois de ter desaparecido dos olhares públicos. A saída de Li, de 65 anos, é a segunda de um alto responsável do Governo chinês desde finais de Julho, quando foi noticiada a substituição do ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, após um mês de ausência em cerimónias oficiais.

Tal como aconteceu na sequência do afastamento de Qin, em Julho, a saída de Li não teve uma justificação oficial por parte do Governo chinês.

Segundo o Wall Street Journal e a CNN, a saída do ministro da Defesa da China, conhecida nesta terça-feira, pode estar relacionada com o despedimento, no início de Agosto, dos responsáveis pela unidade de mísseis do Exército de Libertação do Povo, os generais Li Yuchao e Liu Guangbin.

Na altura, a saída dos generais — precedida, uma semana antes, pelo afastamento do ministro dos Negócios Estrangeiros — foi vista como "uma das maiores purgas" de sempre na unidade que controla o arsenal de mísseis e rockets da China, segundo Lyle Morris, um especialista em assuntos asiáticos citado pelo New York Times.

"As mudanças são muito raras e foram muito rápidas. Isso diz-nos que se passa alguma coisa", disse Morris, para quem a China "está a levar a cabo uma das mudanças mais profundas na sua estratégia nuclear nas últimas décadas".

É também possível, segundo a CNN, que a saída dos generais e dos dois ministros esteja relacionada com a política de combate à corrupção nas estruturas do Estado chinês que Xi Jinping implementou quando assumiu o poder, em finais de 2012.

Li Shangfu — o ministro afastado nesta terça-feira — foi o responsável pela compra de armas na Comissão Central Militar, a mais importante organização de defesa nacional na China, entre 2017 e 2022; na altura em que foi conhecida a demissão dos dois generais e a saída do então ministro dos Negócios Estrangeiros, o departamento que o agora ex-ministro da Defesa liderou entre 2017 e 2022 anunciou a abertura de uma investigação interna sobre contratos que remontam a 2017, segundo a CNN.

Se for esse o caso, a recente série de demissões no topo da diplomacia e da defesa na China pode indicar que a proclamada determinação de Xi em combater a corrupção (um plano que se mistura, segundos os críticos do Presidente chinês, com uma purga de opositores internos) parece não ter surtido os efeitos pretendidos, já que os dois ministros despedidos nos últimos meses subiram nas estruturas do partido na última década e foram nomeados para os seus cargos em Março.

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