Marina Bairrão Ruivo deixa direcção da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva

Curadora pode estar de saída da instituição passados 30 anos. Fundação está a repensar todo o seu modelo de funcionamento. No início do ano haverá novidades.

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O museu da fundação criada há 30 anos é a face mais visível da sua programação Dário Cruz
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Marina Bairrão Ruivo estará de saída da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (FASVS), casa onde trabalhou nos últimos 30 anos, 17 deles como directora.

Bairrão Ruivo, que no site da fundação instalada na antiga Fábrica dos Tecidos de Seda do Jardim das Amoreiras, em Lisboa, aparece já como curadora, apenas, é ainda a responsável pela exposição que muito em breve levará a Marrocos a obra da pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva e do seu marido, o artista húngaro Arpad Szenes: Une Histoire d’Amour et de Peinture vai ser inaugurada em Rabat, no Museu Mohammed VI de Arte Moderna e Contemporânea, na próxima quarta-feira, e aí permanecerá até 15 de Fevereiro.

Contactada pelo PÚBLICO, a antiga directora não quis pronunciar-se sobre a sua saída e remeteu qualquer pedido de esclarecimento para o conselho de administração da fundação, presidido por António Gomes de Pinho.

Gomes de Pinho adiantou esta sexta-feira que Bairrão Ruivo “entendeu cessar funções [como directora] em Junho passado, por razões pessoais, tendo então regressado às funções de curadora, equivalentes às que já tinha exercido antes”, entre 1995 e 2006.

Não há ainda ninguém designado para ocupar o lugar deixado vago este Verão porque, no ano em que se festeja o trigésimo aniversário da fundação, o seu conselho de administração decidiu que era chegado o momento de fazer um balanço e de apurar se a forma como tem funcionado até aqui é a que melhor se adequa à realidade em que hoje se enquadra.

“Neste momento, o conselho de administração da fundação está a promover uma reflexão alargada, ouvindo membros dos outros órgãos, como o conselho de patronos e personalidades relevantes da área museológica, sobre o modelo de gestão do museu, tendo em conta os novos desafios que se colocam a uma instituição cultural como esta que tem como responsabilidade prioritária a conservação, o estudo e a divulgação da obra de Vieira da Silva e Arpad, sem esquecer a criação contemporânea nas suas múltiplas dimensões e a formação cultural dos jovens”, disse ainda Gomes de Pinho, lembrando que, para além do museu, a FASVS programa um auditório (debates, música, cinema) e gere um centro de estudos e de documentação que tem uma relação estreita com universidades e centros de investigação em Portugal e no estrangeiro.

“A actividade da fundação é hoje mais complexa do que foi no passado. Em 30 anos, o mundo mudou, temos de reflectir sobre essa mudança", acrescentou o presidente. Só com o novo modelo de gestão definido se decidirá que processo adoptar para a escolha do novo director, “que deverá iniciar funções no início do próximo ano”.

Para já, é a Isabel Carlos que cabe acompanhar a actividade do museu na qualidade de administradora delegada para esse efeito, um mecanismo que, sublinha o presidente, está previsto nos estatutos da fundação.

Curadora com grande experiência em Portugal e no estrangeiro, Isabel Carlos foi directora do Centro de Arte Moderna (CAM) da Gulbenkian entre 2009 e 2016 e faz parte do conselho de administração da FASVS desde Fevereiro de 2021, em substituição da historiadora de arte Raquel Henriques da Silva.

Três anos antes, tinha já ali sido curadora da exposição O Outro Casal, que foi inaugurada meses antes da morte de Helena Almeida e que mostrou trabalhos (fotografia e vídeo) feitos no atelier desta artista plástica que sempre contou com o apoio do marido na execução dos seus trabalhos, o arquitecto Artur Rosa, presença (visível) mais frequente na sua obra a partir de 2006.

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