Santarém procura apoio do Parlamento para projecto do Museu de Abril e dos Valores Universais

Este museu seria construído na Ex-Escola Prática de Cavalaria de Santarém e teria como missão a divulgação dos valores universais, desde a Revolução Francesa até hoje.

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A antiga Escola Prática de Cavalaria foi transferida para Abrantes em 2009 e o espaço da antiga EPC foi, depois, adquirido pela Câmara de Santarém Rui Gaudencio
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A Câmara de Santarém apresentou, esta semana, o seu projecto de instalação do Museu de Abril e dos Valores Universais (MAVU) à Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto. A edilidade escalabitana acredita que será possível lançar o concurso para a execução das obras em 2024, ano em que se assinalam os 50 anos da Revolução de Abril, e espera obter uma comparticipação significativa da administração central para um projecto que poderá custar perto de 10 milhões de euros.

“Há vários anos que, em Santarém, trabalhamos para que o Museu de Abril e dos Valores Universais seja uma realidade. Este museu será construído na Ex-Escola Prática de Cavalaria de Santarém e tem como missão a divulgação e reflexão sobre os valores universais, desde a Revolução Francesa até aos dias de hoje, com grande ênfase no 25 de Abril de 1974”, explica Ricardo Gonçalves (PSD), presidente da Câmara de Santarém, vincando que este projecto “poderá ser o ‘Museu Nacional’ que o Governo e a Comissão do 25 de Abril procuram para afirmar e eternizar a efeméride no ano das comemorações do seu cinquentenário”.

O projecto liderado pela Câmara de Santarém aponta para a construção do futuro museu numa parte da antiga parada da Escola Prática de Cavalaria que, na madrugada de 25 de Abril de 1974 teve um papel decisivo no sucesso da “Revolução dos Cravos”, através da coluna liderada pelo capitão Salgueiro Maia que se dirigiu para Lisboa.

O MAVU tem como objectivos principais “contribuir para a reflexão sobre os valores universais e os direitos humanos que em Portugal sustentaram as ideias liberais, o republicanismo e a implantação da República, bem como os que estão na base do 25 de Abril”. Visa, ainda, “desenvolver um trabalho com a comunidade envolvente” e “realçar o papel de Santarém e da Escola Prática de Cavalaria no contexto da defesa da democracia, dos valores universais e dos direitos humanos, num discurso museológico centrado em temas como o pluralismo, justiça social, solidariedade, fraternidade, liberdade, igualdade, democracia, cidadania, identidades colectivas, tolerância e direitos humanos”, explica a edilidade de Santarém, que afirma que a Comissão Parlamentar, coordenada pela deputada Carla Sousa, “acolheu de forma calorosa a comitiva escalabitana e saudou este projecto”. Comitiva que, para além de autarcas locais, incluiu também o coronel Correia Bernardo, capitão de Abril.

“Não conseguiremos ter a obra, como nós gostaríamos, nas comemorações dos 50 anos da Revolução (Abril de 2024), mas espero que se lance o concurso para a obra em 2024 e que, nessa altura (50 anos) estejamos numa fase concursal”, disse Ricardo Gonçalves, entretanto, ao PÚBLICO, vincando que Santarém quer ser, ainda assim, “um dos palcos das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril”.

A antiga Escola Prática de Cavalaria foi transferida para Abrantes em 2009 e o espaço da antiga EPC foi, depois, adquirido pela Câmara de Santarém por 16 milhões de euros. A instalação de um museu dedicado aos valores da liberdade foi desde logo um objectivo assumido pela edilidade ribatejana. Já em 2021, o Município de Santarém lançou um concurso de concepção e elaboração do projecto do MAVU, com o apoio da delegação regional da Ordem dos Arquitectos.

O Museu de Abril e dos Valores Universais não se deverá limitar a “ser um importante pólo expositivo”, mas pretende assumir-se como “um centro decisivo na defesa e difusão dos valores da Liberdade, dos Direitos Humanos e do Desenvolvimento Cultural, gerando e divulgando acções de formação e educação, associadas a novas dinâmicas de desenvolvimento e a novas rotas de turismo cultural”.

“Será um museu de grande dimensão, que deverá custar 8 a 10 milhões de euros”, prevê Ricardo Gonçalves, frisando que o ministro da Cultura já visitou o local e deu, inclusivamente, algumas sugestões “importantes” sobre aquilo que poderá ser o projecto de musealização deste MAVU. O edil de Santarém acrescenta que o Museu de Abril e dos Valores Universais contará com acervo da antiga Escola Prática de Cavalaria, mas terá uma perspectiva mais alargada. “Terá uma parte da EPC, mas terá outras coisas ligadas aos valores universais. Pretendemos que seja um museu bastante didáctico. Pensamos nisto muito para as escolas, mas que seja também um museu interactivo, que seja algo bastante moderno do ponto de vista daquilo que é a interacção com as pessoas e com os jovens”, defende Ricardo Gonçalves que espera que, tal como aconteceu noutras situações, inclusivamente na instalação do Museu Salgueiro Maia em Castelo de Vide, a administração central contribua para a criação do MAVU.

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