Marcelo diz que OE2024 tem um “pé atrás” face à incerteza internacional

Presidente da República considera que redução do IRS prevista é o primeiro passo “afoito” dos governos socialistas liderados por António Costa, embora sem correr riscos.

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Marcelo avalia a proposta do OE como sendo a "possível", em que se optou por "injecções" de dinheiro para estimular a procura interna LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
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O Presidente da República considerou que a proposta de Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) traduz a “estratégia possível” ao puxar pelo consumo interno, tendo em conta o arrefecimento da economia e a incerteza da situação internacional.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas, esta tarde, antes do encerramento da conferência Transatlantic Business Summit na Faculdade de Farmácia de Lisboa. Na primeira vez em que se pronunciou sobre a proposta orçamental, o chefe de Estado sublinhou a ideia de prudência.

“É porventura a única possível. Na situação em que nos encontramos — e que foi evidente a partir de Abril, Maio e Junho —, só havia uma maneira de aguentar a quebra das receitas das exportações, investimento directo, porventura algumas receitas do turismo aqui e ali. Só há uma maneira, não é a ideal, mas aguentar com o crescimento da procura interna”, afirmou, depois de questionado sobre se a proposta tem a estratégia certa.

Lembrando que à guerra na Ucrânia se soma agora o conflito no Médio Oriente, o Presidente sustentou que o OE entregue ontem “injecta dinheiro, vai mais longe do que os anteriores, mas sempre com um pé atrás por causa da situação internacional”.

“É um Orçamento esperado porque não conta com o aumento das exportações, do investimento, do crescimento que para o ano está previsto em 1,5%. Então o que faz? Injectar dinheiro, estimular a procura interna, aumento dos funcionários, várias injecções em certos sectores de actividade, para aguentar até chegar ao crescimento positivo”, disse, admitindo que "as pessoas que têm sofrido esperavam mais e que outras desejavam mais". "Ir mais longe em termos de aquecer a economia pode ser um risco e o Governo preferiu jogar na prudência", sublinhou.

Questionado sobre as alterações no IRS, o Presidente considerou que são “um passo importante na orientação de governos anteriores, [e que] é a primeira vez que com a actual liderança há passos mais afoitos em termos de escalões de IRS, mas também à defesa, com cuidado para não correr riscos”. O chefe de Estado referiu que o Governo “está a contar” com uma maior receita fiscal no próximo ano, tendo em conta a evolução de anos anteriores. Mas deixou um alerta: “Simplesmente ninguém sabe se vai ser verdade e até que ponto vai ser verdade.”

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