Autarca do PAN-Madeira afasta-se acusando Inês Sousa Real de “falta de ética”

A autarca junta-se às críticas do ex-cabeça de lista do PAN à Madeira pelas alterações feitas pela direcção do partido às listas das eleições regionais.

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As sondagens indicam que o PAN não deverá eleger um deputado nas eleições da Madeira LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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Depois de o cabeça de lista do PAN à Madeira ter sido substituído, uma autarca do partido no Funchal pediu para sair do PAN esta quarta-feira, a quatro dias das eleições regionais, acusando Inês de Sousa Real de "não respeitar os estatutos" e de cometer "ilegalidades".

Num comunicado enviado à comunicação social, o PAN-Madeira dá conta de que recebeu um "pedido de afastamento do PAN da única autarca com pelouro executivo do partido", Margarida Magalhães, que é autarca na junta de freguesia de Santa Maria Maior do Funchal, devido à "falta de ética da porta-voz nacional do PAN", Inês de Sousa Real.

A autarca, que é comissária política regional do PAN, terá sido um dos "44 militantes" que foram "afastados das listas do PAN às eleições regionais" da Madeira, que decorrem a 24 de Setembro. Segundo a nota, Margarida Magalhães tentou pedir "explicações" a 10 de Agosto sobre esse afastamento e a retirada de "autonomia da comissão política regional do PAN" nesse processo, mas não obteve "resposta até à data" da líder do partido.

A primeira vogal do executivo da junta madeirense alega que Sousa Real "não respeita nem faz respeitar os estatutos do partido" e que promoveu "um 'golpe' totalmente ilegal e anti-estatutário". Não só devido ao afastamento dos militantes, mas também porque não foi permitido a Margarida Magalhães que participasse no congresso de Maio do PAN, no qual era delegada pela Madeira e em que Sousa Real foi reeleita porta-voz nacional, "por ter pago as quotas seis horas fora do prazo".

"Margarida Magalhães reafirma que não consegue compactuar com as ilegalidades que são cometidas pela porta-voz nacional que usa e abusa dos estatutos a seu bel-prazer para cumprir os seus devaneios e vinganças pessoais", lê-se no comunicado, que acrescenta que a autarca "não se revê na campanha populista e demagoga que o partido está a realizar e que não representa as causas do PAN".

Em Agosto, o cabeça de lista às eleições regionais da Madeira pelo PAN, Joaquim Sousa, foi substituído por Mónica Freitas por decisão da direcção nacional devido a uma "incompatibilidade entre o candidato e a direcção regional do partido”, segundo um comunicado do PAN.

O também presidente da comissão política regional afirmou, em declarações ao PÚBLICO, ter uma "incompatibilidade" com Inês de Sousa Real, que acusou de querer "controlar tudo e todos" e de o afastar para que não lhe fizesse "sombra na liderança nacional".

Joaquim Sousa, que se demitiu da direcção nacional no ano passado, contestou a decisão no Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal, alegando tratar-se de um "golpe palaciano no PAN-Madeira, onde a estrutura nacional se sobrepôs à autonomia regional".

O porta-voz do PAN-Madeira indicou ao PÚBLICO que o partido respondeu à acção judicial no prazo estipulado, mas a decisão do tribunal não deverá ser conhecida antes das eleições. Joaquim Sousa admite posteriormente processar a direcção nacional por violar os estatutos do PAN.

O PÚBLICO aguarda uma resposta do PAN sobre a saída de Margarida Magalhães e a acção judicial interposta por Joaquim Sousa.

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