EUA e China ficam de fora da Cimeira da Ambição Climática

Cimeira da Ambição Climática, em Nova Iorque, só recebe países com planos climáticos fortes. Lista de 34 oradores não inclui a China, os Estados Unidos e os Emirados Árabes, anfitriões da COP28.

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António Guterres, secretário-geral da ONU, reúne-se nesta quarta-feira com chefes de Estado e líderes empresariais com provas dadas na acção climática EPA/MIGUEL RODRIGUEZ

O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, reúne-se nesta quarta-feira com chefes de Estado e líderes empresariais com provas dadas na acção climática. Trata-se da Cimeira da Ambição Climática, que decorre até quinta-feira, 21 de Setembro, em Nova Iorque, na qual o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa vai estar presente.

Ausentes na lista de 34 oradores que representam países no encontro estão os maiores emissores do mundo, a China e os Estados Unidos, bem como os Emirados Árabes Unidos, anfitriões da próxima Cimeira do Clima (COP28).

A cimeira contará com discursos de líderes que estão a responder ao apelo de Guterres para “acelerar” a acção climática global, incluindo Brasil, Canadá, União Europeia, Paquistão, África do Sul e Tuvalu.

Os convites para o evento cingiram-se aos países e agentes identificados como aqueles que estão, de facto, a tomar medidas mais fortes em relação às mudanças climáticas.

Objectivo é inspirar, e não envergonhar

Esta Cimeira de Ambição Climática serve de antecâmara para a COP28, com o objectivo de impulsionar medidas concertadas e globais para mitigar os efeitos da crise climática.

Guterres disse que um dos alvos do encontro é estimular a acção de países e empresas cujos planos climáticos não estejam ainda alinhados com a meta climática global.

As entidades e as instituições financeiras internacionais que terão vagas para falar incluem a Allianz, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a cidade de Londres (Reino Unido) e o estado da Califórnia (EUA).

O enviado especial dos EUA para Mudanças Climáticas, John Kerry, participará da cúpula, mas não fará um discurso, disse um porta-voz.

O gabinete do secretário-geral manteve um controle rigoroso sobre a lista de oradores convidados. O conselheiro climático de Guterres, Selwin Hart, disse, em entrevista à Reuters esta semana, que o objectivo da cúpula não era “envergonhar” países ou empresas, mas sim inspirar e estimular aqueles que ainda não adoptaram medidas climáticas mais robustas.

Os critérios para um líder ser seleccionado para falar incluem propostas para actualizar o plano climático pré-2030 do seu país; metas actualizadas para alcançar planos de transição energética com emissões líquidas zero que se comprometam a não expandir projectos ligados ao petróleo, gás ou carvão; e planos para descontinuar ou eliminar o uso de combustíveis fósseis.

Novos compromissos de financiamento climático ou planos de adaptação também estão entre os critérios para a participação dos países.

Para empresas, cidades e instituições financeiras, a ONU exige que representem planos de transição alinhados com as recomendações de integridade da ONU, metas de redução de emissões para 2025 que incluam emissões indirectas, bem como planos para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis que não dependem da compensação de carbono.

Guterres tem sido contundente na avaliação pública das acções climáticas dos países tendo em vista o cumprimento do Acordo de Paris, que ambiciona limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius (em relação aos valores pré-industriais).

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