Futebolistas espanholas exigem a reestruturação da federação, respeito e segurança

As 39 signatárias do mais recente comunicado consideram insuficientes as medidas introduzidas pela federação espanhola. Por isso, sugerem alterações que visam, inclusive, o marketing.

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Jogadoras espanholas, a 20 de Agosto, na Austrália, após a conquista do Mundial Reuters/HANNAH MCKAY

Trinta e nove jogadoras espanholas, incluindo 21 das 23 campeãs mundiais, exigem que a reestruturação do futebol feminino desenvolvida pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) garanta a segurança das mesmas. Esta sexta-feira, as atletas garantiram que as alterações introduzidas "não são suficientes".

Esta posição surge na sequência do beijo na boca que o então presidente da RFEF, Luis Rubiales, deu à jogadora Jenni Hermoso, durante as celebrações da conquista do Mundial, na Austrália, a 20 de Agosto.

Em comunicado, as jogadoras pedem a reestruturação do gabinete presidencial e do secretário-geral, a demissão do presidente da RFEF, cargo agora ocupado interinamente por Pedro Rocha, e a reestruturação da área de comunicação e marketing, bem como da gestão de integridade.

"Como transmitimos à RFEF, as mudanças ocorridas não são suficientes para que as jogadoras se sintam num lugar seguro onde sejam respeitadas. Estamos comprometidas com um futebol feminino onde possamos dar o nosso máximo desempenho", afirmam.

Na sequência do comunicado, a RFEF adiou o anúncio da primeira convocatória da seleccionadora Montse Tomé, que assumiu o cargo após a demissão de Jorge Vilda, a 5 de Setembro, para os jogos da Liga das Nações.

As jogadoras sublinham que são "profissionais" e o que mais as enche de orgulho é vestir a camisola da selecção. Por isso, sublinham, "é hora de lutar para mostrar que estas situações e práticas não têm lugar no nosso futebol nem na nossa sociedade".

As subscritoras do documento reiteram o "seu enorme descontentamento" pelo ocorrido na cerimónia de medalhas do Mundial e defendem que, perante estes actos, se deve ter "tolerância zero".

Jeni Hermoso disse que o beijo não foi consentido, ao contrário do que afirma Luis Rubiales, que inicialmente recusou demitir-se, mas que acabou por abdicar do cargo na RFEF e na UEFA. O comportamento de Rubiales valeu-lhe a abertura de processos disciplinares pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha e por parte da FIFA, que o suspendeu do cargo durante 90 dias.

Além da saída de Luis Rubiales, a RFEF demitiu o treinador da selecção feminina, Jorge Vilda, e substituiu-o por Montsé Tomé, que era a adjunta.

Logo nos dias posteriores à final do Mundial, mais de 80 futebolistas espanholas divulgaram um comunicado de solidariedade com Jenni Hermoso e anunciaram que recusavam jogar na selecção de Espanha se não houvesse mudanças na federação.

Entre as 39 signatárias do comunicado que exige mudanças no futebol feminino de Espanha estão Olga Carmona, Alexia Putellas e Jennifer Hermoso. Das campeãs mundiais, apenas Athenea del Castillo e Claudia Zornoza não assinaram o documento.

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