Produtores de coca de Yungas iniciam hoje bloqueio das estradas da região

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Esta é a segunda vez, em seis meses, que os produtores recorrem ao bloqueio de estradas para exprimir o seu descontentamento David Mercado/Reuters

Os produtores de coca de Yungas vão iniciar, às 0h00 locais (05h00 em Lisboa), um bloqueio das estradas nesta região boliviana, situada a 150 quilómetros a norte da capital administrativa, La Paz, respondendo ao apelo do seu sindicato, em protesto contra a erradicação de plantações ilícitas.

Depois de Chaparé (Centro do país), Yungas é a segunda grande região produtora de coca, matéria-prima utilizada na elaboração da cocaína, informa a AFP.O Governo boliviano deve levar a cabo, nas próximas semanas, com a ajuda do Exército, a erradicação de 1700 hectares de plantações de coca, deixando apenas doze mil hectares destinados estritamente ao consumo tradicional. Considerando as folhas de coca como um fortificante e um inibidor da fome, as populações quechua e aymara do Planalto Andino mastigam-nas diariamente, sendo que o seu suco as ajuda a suportar os rigores do clima e da altitude.
Nos últimos três anos, o Governo erradicou a totalidade de plantações de coca de Chaparé, que perfaziam 38 mil hectares.
Os produtores de coca consideram que esta política de "coca zero" os condena à miséria, sem saída e sem preços estáveis para outras culturas, como as da banana, ananás e café.
O bloqueio de estradas foi decidido na segunda-feira passada, em resposta ao falhanço da tentativa de tomar o centro da capital, após uma marcha de 15 dias, que levou os produtores de Chaparé e Yungas a La Paz, com o objectivo de negociar com o Governo.
O sindicato apelou ainda a um bloqueio nacional da rede de estradas a partir de 1 de Maio, Dia do Trabalhador. Por seu lado, o Presidente boliviano, Hugo Banzer, voltou a recusar abrir negociações que visam pôr em causa a política de erradicação.
Segundo estatísticas não oficiais, essa política representou para a economia boliviana, a mais pobre da América do Sul, uma perda na ordem dos 400 milhões de dólares (442,7 milhões de euros/88,7 milhões de contos) nos últimos três anos.
Esta será a segunda vez em seis meses que os produtores e agricultores vão recorrer ao bloqueio de estradas para exprimir o seu descontentamento. Em Setembro e Outubro, os manifestantes isolaram, durante quase um mês, todas as grandes cidades bolivianas. A intervenção das forças da ordem para terminar com o bloqueio fez dez mortos.

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