Cartas ao director

Os leitores escrevem sobre os BRICS, a apologia do Velho do Restelo, a vida de Teodora Cardoso e a execução de um programa para a habitação.

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Os BRICS e o jogo “a dois carrinhos”

Os BRICS são um grupo de países — Brasil. Rússia, Índia, China e África do Sul que se juntaram sob aquele acrónimo. Os objectivos de cada um e do grupo só eles os saberão, muito embora os analistas refiram os geoestratégicos, os políticos e, obviamente, os económicos. Recentemente, juntaram-se na África do Sul e decidiram aumentar os componentes, convidando mais seis (?) países, entre os quais o Irão e a Arábia Saudita. Para criar mais um pólo que “tomará conta do mundo”, como, mais ou menos, disse Lula da Silva, Presidente do “​B”.
Esse mundo multipolar faz as delícias de vária gente e, se assim fosse, talvez não fosse mau, só que “puxo da pistola” quando vejo lá a Rússia e a China, que aliás estiveram ambas presentes em Joanesburgo (embora com Putin à distância) curiosamente este e Xi Jinping faltaram, agora, à reunião dos G20 em Nova Deli e ainda a entrada para o grupo dos dois países muçulmanos atrás referidos.
Quanto à Rússia e à China, “vou ali e já venho”, pois é mais do que evidente que, mais do que multipolaridade, querem é ubiquidade, estando em vários pólos em simultâneo. Do Irão e da Arábia Saudita, pergunto: que fazem dois inimigos figadais, que dividem Alá em duas metades xiita e sunita ambos ditaduras teocráticas neste grupo tão “conveniente” para “outras coisas”? Assim se joga “a dois (ou mais) carrinhos”.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

Teodora Cardoso devia ter sido ministra

Faleceu a primeira presidente do Conselho de Finanças Públicas e a primeira mulher a fazer parte da administração do Banco de Portugal. A insigne economista considerava as cativações como um adiamento de despesas.
Teodora Cardoso foi uma voz incómoda para Mário Centeno, ministro das Finanças entre 2015 e 2020. A “geringonça” também foi crítica do seu trabalho como formiga e não como cigarra das Finanças Públicas. Como foi possível Teodora Cardoso não ter sido ministra das Finanças de Portugal?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

Apologia do Velho do Restelo

Li o artigo de Pacheco Pereira: “Apologia do Velho do Restelo”, em que sugeria que aquele trecho d’​ Os Lusíadas fosse escrito, no chão, junto ao Padrão dos Descobrimentos. Acho excelente ideia.
No meu tempo lia-se Os Lusíadas (excepto o Canto IX) e eu fiquei com o verso “Ó Glória de mandar, ó vã Cobiça” fortemente gravado na minha memória.
Sou filho de marinheiro, fui para o liceu no ano em que começou a II Grande Guerra e ainda me lembro da aflição em que vivíamos pelo perigo de o navio do nosso pai poder ser torpedeado, apesar de Portugal não estar metido na guerra. Muitas vezes pensei nas motivações que terão forjado a nossa epopeia marítima e nos sacrifícios exigidos aos homens que partiam e às mulheres que ficavam.
Por tudo isto, achei a ideia de Pacheco Pereira excelente e capaz de mobilizar as pessoas influentes do nosso país, pelo menos aquelas que como eu amam Portugal e sentem orgulho nos Descobrimentos que, há 500 anos, os portugueses fizeram.
Julgo que merece mais a atenção dos leitores do PÚBLICO do que o beijo da FIFA.

António M. Coelho de Carvalho, Tramagal

Pedido/conselho ao primeiro-ministro

Agora que vai ter dinheiro para construção e reabilitação de habitação a rendas baixas, como cidadão responsável deste país, peço que, para o efeito, delegue numa única entidade a execução deste/s programa/s com competência e concomitante responsabilidade para coordenar todas as entidades, empresas e organismos a ele/s ligado/s e para dirigir o/s programa/s até à sua conclusão.
Para estar à frente de uma tal entidade, deve escolher alguém com profunda experiência em organizar e dirigir empresas e pessoas, de preferência com formação em Gestão, Engenharia ou Economia e importante a quem deve ser dada “rédea” solta para escolher a equipa que o irá ajudar. Evite escolher “boys” do partido ou quem quer que seja sem esta formação e experiência só porque “é da cor”.
Depois, exija que forneça ao Governo e publique na imprensa um plano calendarizado do/s programa/s (p. ex. PÚBLICO, Expresso), bem como trimestralmente, nos mesmos meios, um relatório de contas mostrando o que se fez, o que se pagou e a quem e mostrando o/s cronograma/s do/s programa/s em curso comparado ao que foi programado. E, se o prazo ou o custo dos/s programa/s começar a resvalar, demita a equipa que escolheu e escolha, rapidamente, outra com melhores qualificações para a sua execução a prazo e no orçamento.
Vai ver que assim consegue.

Jorge Mónica, Parede

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