João Torres acusa direita de “obsessão privatizadora” do estado social

O secretário-geral adjunto do PS defendeu o estado social como um “desígnio permanente” da história do partido e considerou que o PS “protege a democracia”.

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João Torres foi à Academia Socialista atirar ao PSD Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral adjunto do PS acusou este sábado a direita de ter uma "obsessão privatizadora" do estado social, cuja protecção definiu como "um desígnio permanente" dos socialistas, e considerou que "o neoliberalismo tomou conta" do PSD.

"Todos nós sabemos que esse aventurismo da direita com a obsessão privatizadora do estado social terminaria com a ausência desse estado social. E sem estado social, não há, para nós, democracia", defendeu João Torres, na Academia Socialista, que decorre até domingo, no distrito de Évora.

Numa apresentação intitulada "Porque não há democracia sem estado social?", Torres apontou à direita, considerando que "o neoliberalismo tomou conta do maior partido da oposição" e classificou a Iniciativa Liberal (IL) como "neoliberal radical".

O secretário-geral adjunto dos socialistas defendeu o estado social como um "desígnio permanente" da história do partido e considerou que o PS, "que tem como ideia força o estado social, protege a democracia".

"E sempre que nos últimos anos nós reforçamos o estado social, encontramos sempre o voto contra da direita do nosso país que nunca quis fazer parte da solução para os problemas que identificamos, antes quis sempre posicionar-se como parte do problema, manifestando-se sempre e contra as medidas que o PS apresentou", acusou.

Torres considerou ainda que, nos últimos anos, a direita democrática em Portugal quebrou "uma espécie de compromisso não escrito, um quase consenso que existiu durante as primeiras décadas" da democracia portuguesa, "sobre o carácter e a natureza essencialmente pública do estado social".

O dirigente socialista rejeitou qualquer complexo do PS em relação à iniciativa privada ou ao sector privado, contrapondo que os socialistas formulam "um juízo crítico sobre a distribuição da riqueza".

"E quando promovemos essa redistribuição também estamos a reforçar o estado social e a proteger a nossa democracia", sustentou.

Numa intervenção perante os jovens entre os 18 e 30 anos que se encontravam na sala, João Torres começou por dizer que "72% da população mundial" vive hoje "sob a égide de regimes autoritários" e que, para o PS, a democracia é muito mais do que a "liberdade de expressão", englobando a liberdade religiosa, "material ou de recursos" ou a liberdade "em relação ao medo".

Torres enumerou medidas do executivo como o aumento do salário mínimo nacional, os passes para menores de 23 anos (anunciados pelo primeiro-ministro na quarta-feira e que entrarão em vigor no próximo ano), ou os manuais escolares gratuitos, classificando-as como exemplos de reforço do estado social.

O dirigente socialista fez ainda referência à habitação e dirigiu-se à ministra do sector, Marina Gonçalves, que estava sentada na plateia a assistir. "Um verdadeiro estado social não pode abdicar de uma intervenção forte do Estado ao nível da habitação", advogou.

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