Montepio vende banco empresarial à Rauva

Compradora da instituição criada em 2019 é a fintech Rauva. Trabalhadores estão a ser integrados no banco Montepio.

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Goncalo Dias

O Montepio acordou vender a totalidade das acções do Banco de Empresas Montepio à empresa Rauva, anunciou esta sexta-feira, em conferência de imprensa, o presidente executivo da instituição financeira, Pedro Leitão.

O Banco de Empresas Montepio (BEM) foi criado em 2019 e, entretanto, foi integrado na casa-mãe. A actividade (activos e passivos) e os trabalhadores estão a ser integrados na casa-mãe desde início do ano, o que significa que o negócio anunciado esta sexta-feira com a Rauva incide sobre as acções representativas do capital social do BEM e a licença bancária.

Pedro Leitão não divulgou o valor exacto da venda das acções do Banco de Empresas Montepio, até porque, disse, ainda não está completamente fechado. Referiu apenas que “o valor de venda terá como referência um múltiplo de entre 1,15 vezes a 1,18 vezes os capitais próprios do BEM à data da conclusão da operação”, que estão estimados em 30 milhões de euros.

Quanto à integração na casa-mãe da actividade e trabalhadores do Banco de Empresas Montepio, Pedro Leitão afirmou que “o processo está em curso desde 2 Janeiro” e disse esperar fechar este ano com esta integração completa.

“O nosso objectivo é preservar e potenciar o modelo de negócio do Banco Montepio. O Banco de Empresas e o banco de investimento juntos como proposta de valor provou ser um bom negócio. Para nós, o objectivo é capturar todo esse valor e as pessoas que executam essas áreas de negócio são transferidas para o Banco Montepio”, disse.

Com esta operação, Pedro Leitão disse que o Montepio “dá mais um passo importante num plano de ajustamento” e num dos seus objectivos que é a simplificação do grupo.

Pela Rauva, Jon Faith afirmou que esta é uma fintech criada por vários empresários para prestar serviços financeiros a pequenas e médias empresas. O objectivo, acrescentou, é que a Rauva tenha licença bancária para começar a operar em Portugal e a seu tempo expandir para mais mercados europeus.

O acordo de venda foi formalizado esta sexta-feira com a assinatura de um contrato de compra e venda de acções, que ainda está sujeito à aprovação das autoridades para então ser completado o negócio, prevendo a gestão do Montepio que ainda demore uns meses a estar concretizado.

Em Junho, Virgílio Lima, presidente da Montepio Geral – Associação Mutualista (MGAM) a que o Banco Montepio pertence, tinha já confirmado que o banco estava a estudar vender a licença bancária do seu banco dirigido às empresas e que havia já “interessados”, como noticiou então o PÚBLICO.

O Banco Montepio teve prejuízos de 48,3 milhões de euros no primeiro semestre (em comparação com lucros de 23,3 milhões de euros no período homólogo de 2022), um resultado negativo que o banco justifica com a venda da participação de 51% no Finibanco Angola (devido a reciclagem da reserva cambial). Já o resultado líquido recorrente (sem esse impacto) foi positivo em 67,8 milhões de euros.

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