Plano para a Groundforce prevê rescisão com 300 trabalhadores em dois anos

Recuperação da empresa de assistência em escala de passageiros e bagagem passa pela Menzies, que já acordou ficar com 50,01% do capital, mas também pela TAP. Trabalhadores reúnem-se hoje.

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A empresa viveu nos últimos dois anos em instabilidade, com protestos e greves por parte dos trabalhadores (foto de arquivo) LUSA/ANTÓNIO COTRIM

A versão preliminar do plano de insolvência da Sociedade Portuguesa de Handling (SPdH), mais conhecida pela marca comercial Groundforce, contempla, entre várias medidas, a rescisão com cerca de 300 trabalhadores num período de dois anos após a homologação, lê-se no documento, a que a Lusa teve acesso.

O documento, que deverá ser votado no final deste mês, segue-se ao acordo para entrada da Menzies Aviation na Groundforce e conta com um "plano de cessação de contratos de trabalho" no qual se justifica estas saídas.

"Tendo em vista assegurar que a SPdH (Groundforce) mantém uma estrutura de pessoal adequada às suas necessidades, a empresa irá promover uma redução [do número] de trabalhadores efectivos, mediante a cessação de contratos de trabalho por tempo indeterminado, preferencialmente por mútuo acordo, de aproximadamente 300 trabalhadores", segundo o documento, dos administradores de insolvência.

No final de 2021, a empresa empregava 2398 trabalhadores, menos 434 pessoas do que no ano anterior. Para hoje está marcado um plenário de trabalhadores da empresa.

Esta redução do número "de trabalhadores efectivos mediante a cessação dos contratos de trabalho deverá ocorrer durante um período estimado de dois anos após a data do trânsito em julgado da sentença de homologação do presente plano de insolvência", sendo que a empresa irá requerer "a declaração de que se encontra numa situação económica difícil".

Além disso, "o nível de investimento que é necessário promover na empresa de modo a permitir a renovação das licenças em 2025 e a garantir a manutenção da operação num mercado concorrencial impõe que sejam revistas e alteradas parte das matérias e condições que são reguladas nos Acordos de Empresa", destaca o documento.

No documento lê-se ainda que serão investidos 9,5 milhões de euros, "nas medidas de reestruturação de recursos humanos" nomeadamente "no plano de cessação de contratos de trabalho", na "revisão dos Acordos de Empresa" e "em outras medidas operacionais".

O plano a que a Lusa teve acesso explica que o novo investidor, a Menzies Aviation, considerou "essencial ao seu investimento a subscrição e manutenção da participação social da TAP, SA na fase inicial do seu investimento”.

Assim, o objectivo é avançar com a redução do capital social para zero euros, seguida “da subscrição e realização do montante de capital” de 2,5 milhões de euros a efectuar “sempre antes da homologação do presente Plano de Insolvência” por parte da Menzies. Por sua vez, a TAP subscreve e realiza o montante de capital de 2,4 milhões de euros “mediante entradas em espécie correspondentes a parte dos créditos sobre a insolvência da SPdH”.

Depois disso, o capital social da empresa “passará a ser do montante de 4.983.651,90 euros e ficará representado por 49.836.519 acções nominativas e tituladas com o valor nominal de um 0,10 euros”, segundo o documento. A Menzies “ficará titular de 25.000.000 acções, correspondentes a 50,01% do capital social; a TAP, SA ficará titular de 24.836.519 acções, correspondentes a 49,9% do capital social”, diz o plano.

A TAP pediu em 2021 a insolvência da Groundforce, num processo cuja lista provisória de credores apontava, nessa altura, para cerca de 154 milhões de euros em dívidas. Posteriormente, segundo o plano, as dívidas reconhecidas fixaram-se em 136,2 milhões de euros. Os maiores credores são a TAP e a ANA - Aeroportos de Portugal, com 15,5 milhões de euros de créditos e 12,8 milhões de euros, respectivamente.

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