Metro do Porto diz já ter incorporado recomendações do relatório do LNEC sobre cheias

Transportadora avança já estar a seguir indicações que constam no documento produzido pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil, divulgado nesta quarta-feira pelo PÚBLICO.

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De acordo com o relatório do LNEC, as obras do Metro do Porto agravaram o impacto das cheias de 7 de Janeiro de 2023 Teresa Miranda

A Metro do Porto "já incorporou as recomendações" feitas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) no relatório pedido pela transportadora após as cheias ocorridas em Janeiro junto aos estaleiros da Linha Rosa, disse nesta quarta-feira fonte oficial à Lusa.

"Tendo como prioridade absoluta e inegociável a segurança na execução dos seus projectos, a Metro do Porto já incorporou as recomendações deste relatório", pode ler-se num comentário da empresa enviado à Lusa após o relatório ter sido noticiado nesta quarta-feira no PÚBLICO.

Para a Metro do Porto, "trata-se de um documento da entidade nacional de referência em matéria de engenharia civil, que desde sempre acompanha e apoia a construção das linhas de metro".

As obras do Metro do Porto agravaram as cheias ocorridas na baixa da cidade em 7 de Janeiro, mas teria havido inundações mesmo sem a empreitada, segundo um relatório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

Segundo o relatório do LNEC, noticiado pelo PÚBLICO e a que a Lusa também teve hoje acesso, "da análise dos resultados, conclui-se que teria existido inundação relevante na zona de interesse, mesmo que não estivessem a decorrer as obras em análise".

"Verificou-se igualmente que as alterações à rede de drenagem e à superfície urbana alteraram as condições de escoamento, ocorrendo, em alguns locais, agravamento da inundação", pode ler-se no relatório.

De acordo com o documento, pedido pela Metro do Porto ao LNEC na sequência das inundações, os locais mais impactados pela água foram a Rua das Flores, ligação da Praça da Liberdade à Praça Almeida Garrett, passagem entre o Palácio das Cardosas e estaleiro da Praça Almeida Garrett, extremo sul da Rua Sá da Bandeira e topo norte da Rua Mouzinho de Albuquerque.

"Este impacto resulta da acção conjunta da descarga de caudais da rede de drenagem, da circulação dos caudais provenientes das zonas altas e dos constrangimentos devidos ao estaleiro", pode ler-se no documento.

O concelho do Porto registou, em 7 de Janeiro, em menos de duas horas, 150 pedidos de ajuda por causa das inundações em habitações e vias públicas, principalmente na baixa da cidade, disse naquele dia à Lusa fonte da Protecção Civil local.

O LNEC deixou várias recomendações na sequência do relatório, como "que as alterações provisórias efectuadas na rede de drenagem enterrada sejam antecipadamente analisadas com a entidade que gere esta infra-estrutura", sendo "assegurada a capacidade de vazão existente".

"Que os materiais depositados ou soltos no estaleiro sejam contidos por forma a evitar o seu arrastamento e a colmatação das sarjetas e sumidouros a jusante, cuja superfície deve encontrar-se desobstruída", recomenda ainda o relatório.

Os estaleiros devem ainda recorrer a "tapumes que permitam a passagem de água", ou ser "efectuados desvios para locais que permitam a acumulação temporária de água em excesso".

Por fim, o LNEC recomenda que "os acessos às estações de metro sejam sobrelevados em relação à superfície circundante e que o alinhamento da entrada não coincida com o sentido predominante do escoamento à superfície".

O Relatório de Conformidade Ambiental do Projecto de Execução (RECAPE) do projecto de construção da Linha Rosa do Metro do Porto já identificava como uma "vulnerabilidade" a possibilidade de cheias devido ao desvio de condutas, mas com impacto reduzido.

O documento consultado pela Lusa em Janeiro, datado de Fevereiro de 2020, aponta a "obstrução temporária da rede de drenagem de águas pluviais e desvio provisório do escoamento, em especial decorrente do projecto do desvio do rio da Vila (com uma intervenção mais expressiva na rede de drenagem pluvial)".

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