Londres estende Zona de Emissões Ultra Baixas a toda a cidade, apesar da oposição

A ULEZ tem sido defendida pelo presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, como essencial para reduzir mortes por doenças relacionadas com a poluição atmosférica e combater as alterações climáticas.

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Protestos em Londres contra a expansão das Zonas de Emissóes Ultrabaixas Reuters/HOLLIE ADAMS

O programa de Londres para reduzir as emissões dos transportes através da imposição de uma taxa diária aos veículos mais poluentes expandiu-se a toda a capital britânica nesta terça-feira, apesar da forte oposição daqueles que dizem que irá agravar a crise do custo de vida.

A Zona de Emissões Ultrabaixas (ULEZ, na sigla em inglês) foi introduzida em 2019 numa pequena parte do centro de Londres e expandida em 2021. A zona será agora alargada para abranger áreas que albergam mais cinco milhões de pessoas, em alguns casos com menos ligações de transportes públicos.

A ULEZ tem sido defendida pelo presidente da Câmara de Londres, Sadiq Khan, como essencial para reduzir as mortes por doenças relacionadas com a poluição atmosférica e para combater as alterações climáticas.

“Tomei a decisão de alargar a ULEZ porque os especialistas acreditam que vai salvar vidas. Não foi uma decisão fácil, mas não podemos adiar a acção quando o ar tóxico está associado a doenças como o cancro e a demência”, afirmou Khan na semana passada.

O autarca londrino diz ainda que nove em cada dez carros em Londres já estão em conformidade com a ULEZ, mas os opositores contestam esse número, argumentando ainda que a taxa diária de 12,50 libras (cerca de 14,50 euros) cobrada aos milhares de pessoas que conduzem veículos mais antigos e mais poluentes é injusta durante uma crise de custo de vida e causará danos económicos.

Resistência

Os manifestantes descarregaram a sua ira nas câmaras de fiscalização da ULEZ, com a Polícia Metropolitana de Londres a registar 164 câmaras roubadas e 185 danificadas até 1 de Agosto. Nas redes sociais, surgiram também alegados vídeos de vandalismo.

A autoridade de transportes de Londres afirmou ter aumentado a segurança das câmaras. Está prevista a instalação de um total de 2750 câmaras na zona exterior de Londres, das quais 1900 estão actualmente instaladas.

No mês passado, uma acção judicial interposta por cinco autoridades locais afectadas nos arredores de Londres e Surrey não conseguiu impedir a expansão da ULEZ, enquanto várias autoridades locais que fazem fronteira com Londres se recusaram a colocar sinais para alertar os automobilistas de que se estão a aproximar da ULEZ, em protesto contra o impacto nos seus residentes.

A expansão acendeu um debate na Grã-Bretanha, que tem como objectivo atingir emissões líquidas zero até 2050, sobre a forma de implementação de políticas ambientais sem alienar eleitores.

No mês passado, a ULEZ foi responsabilizada por uma estreita derrota eleitoral na periferia de Londres para o Partido Trabalhista, na oposição, que, de resto, goza de uma forte vantagem nas sondagens de opinião sobre os conservadores no poder, antes das eleições nacionais previstas para o próximo ano.

Numa tentativa de acalmar os protestos que se seguiram a essa derrota, o presidente da câmara trabalhista, Khan, anunciou um financiamento adicional para alargar o esquema de abate da ULEZ a todos os londrinos com um carro não conforme. Os críticos afirmaram que o esquema, que oferece um subsídio de até duas mil libras (cerca de 2325 euros), é inadequado.

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