IGAI vai avaliar carros da PSP de Loures. Sindicatos dizem que problema é geral

Uma agente da PSP morreu e outros três agentes ficaram feridos num despiste do carro-patrulha em que seguiam, em Sacavém.

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Despiste de carro da PSP fez um morto e três feridos Rui Gaudêncio

A Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) vai avaliar o estado de conservação das viaturas da PSP de Loures, a divisão à qual pertencia a agente que morreu na sequência de um acidente de viação em serviço. Os sindicatos dizem que o problema tem escala nacional.

“A IGAI determinou a abertura de um inquérito, a que atribuiu carácter urgente, visando apurar o estado em que se encontram as viaturas utilizadas pela Divisão de Loures da PSP", lê-se num comunicado publicado no site. A ideia é perceber se as viaturas "estão em condições para circularem na via pública; se os agentes policiais dessa divisão são obrigados, pelos seus superiores hierárquicos, a usarem essas viaturas; quantos carros-patrulha existem para toda a área territorial da divisão e se a Equipa de Intervenção Rápida dispõe de veículos para o exercício da sua acção policial".

Uma agente da PSP morreu no dia 10 de Agosto e outros três agentes ficaram feridos num despiste, em Sacavém (Loures). Tinha 28 anos e conduzia o carro-patrulha que se despistou por volta da meia-noite, a caminho de uma ocorrência, em Camarate.

O Sindicato Independente dos Agentes da Polícia (SIAP) veio logo a público dizer que a PSP de Loures não dispõe de carros suficientes para responder a ocorrências. Falou mesmo numa “situação caótica que coloca em causa a segurança das populações”.

Paulo Santos, da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), diz que o problema não se esgota em Loures. “É mais evidente em Loures, que é uma divisão grande e com muita densidade operacional, mas acontece a nível nacional. Tem que ver com o modelo de aquisição, manutenção e renovação da frota automóvel.”

“Se há dúvidas da parte da IGAI, faz sentido esse inquérito para apurar deficiências e para saber se os elementos da polícia estão a conduzir viaturas que já não estão em condições”, diz. “Creio que era importante a IGAI saber qual a situação a nível nacional, principalmente nos casos em que há reporte de situações por parte de colegas e comandantes.”

Armando Ferreira, do Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), arrisca dizer que metade das viaturas da PSP precisam de algum tipo de manutenção. “São estimativas que fazemos com base nas informações que vamos recebendo a nível nacional”, esclarece. “Nestes 50%, há viaturas a circular, mas também há paradas.”

“Loures é uma amostra do que se passa a nível nacional”, sublinha. O carro-patrulha envolvido no acidente tinha “15 anos e alguns meses”. “Uma viatura de 15 anos oferece menos segurança activa e passiva.”

Segundo afirma, há anos que alerta “as tutelas para a necessidade de não permitir que as viaturas da PSP ultrapassem os sete anos como prioritárias”. “Ao fim de dois anos, as viaturas deviam ir à inspecção, e não ao fim de quatro”. E a partir daí todos os anos e não de dois em dois até completarem oito anos.

“Estamos a contar ter em breve uma reunião com o ministro da Administração Interna, onde reforçaremos a necessidade de renovar a frota da PSP”, diz ainda. “Acreditamos que o ministro está preocupado com a situação e que irá de alguma forma resolvê-la.”

Pensando no futuro, Paulo Santos considera três aspectos essenciais. Por um lado, “executar a verba orçamentada”; por outro, “tentar fazer contratos com empresas que possam garantir a atribuição, manutenção e substituição de viaturas”; por fim, “ver se a gestão feita internamente é a correcta”.

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