Marcelo, PSD e IL pedem explicações sobre morte de idoso nas urgências de Loures

Presidente diz que abertura de inquérito é “positiva”. PSD e IL afirmam que a “qualidade de serviço caiu vertiginosamente” desde o fim da gestão público-privada do Beatriz-Ângelo.

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O Presidente da República adiantou que ia ainda “tentar apurar o que se passou” no caso do idoso que morreu nas urgências do hospital de Loures Rui Gaudencio

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta terça-feira que a abertura de um inquérito para averiguar a morte de um idoso no hospital de Loures é "positiva", adiantando que vai tentar apurar o que se passou. O PSD e a Iniciativa Liberal também reagiram a este caso, lamentando a morte do homem de 93 anos e pedindo explicações ao Governo e à administração do hospital.

Em declarações à RTP e à Antena 1, durante a visita de dois dias à Polónia, que terminou esta tarde, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a morte de um idoso num corredor do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures.

“Eu não tenho dados sobre essa matéria, mas acho que se há um caso com esses contornos é positivo que tenha sido aberto um inquérito para se apurar o que é que sucedeu nesse caso, como em princípio devia acontecer com todos os casos semelhantes”, começou por responder.

O Presidente da República adiantou ainda que ia ainda “tentar apurar o que se passou”, esperando pelos resultados do inquérito para se poder determinar a responsabilidade do caso.

A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) decidiu averiguar em conjunto com a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) a morte de um idoso num corredor do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, revelou a instituição.

Na nota, a IGAS assumiu ter tomado conhecimento do caso através dos órgãos de comunicação social e assinalou o anúncio pelo conselho de administração daquela unidade hospitalar de “um processo de inquérito com carácter de urgência”.

“Apesar de a avaliação preliminar não permitir estabelecer qualquer relação entre o tempo de permanência na urgência, a assistência prestada e o desfecho que veio a verificar-se, o Conselho de Administração determinou a abertura de um processo de inquérito com carácter de urgência para cabal apuramento dos factos”, referiu, esta manhã, em comunicado a administração do hospital.

O idoso, de 93 anos, deu entrada nas urgências do Hospital Beatriz Ângelo pelas 13h de segunda-feira, com uma fractura numa perna, e acabaria por morrer depois de mais de cinco horas à espera no corredor do hospital, segundo adiantou à agência Lusa o comandante dos Bombeiros de Camarate, Luís Martins.

O comandante explicou que os bombeiros de Camarate, ao terem conhecimento de que o doente teria de ser levado para Santa Maria, se prontificaram para fazer o transporte, mas não tiveram autorização e continuaram à espera.

A avaliação clínica foi realizada na maca dos bombeiros por “falta de macas no hospital”. Foram feitos exames raio-x, em que foi detectada uma fractura do colo do fémur, e uma estabilização da perna com uma tracção, acrescentou Luís Martins.

Hospital é "notícia pelas piores razões"

Numa nota emitida esta terça-feira em reacção ao caso, assinada pelo vice-presidente Miguel Pinto Luz, o PSD começou por dizer que a decisão de pôr fim à gestão público-privada do Beatriz Ângelo "teve consequências negativas claras na qualidade do serviço prestado às populações, como atestam claramente os acontecimentos recentes", acrescentando que o hospital, que era "um exemplo da excelência de serviço" é agora "notícia pelas piores razões".

"A manifesta falta de capacidade de resposta e a situação crítica vivida nesse hospital são há muito do conhecimento público (...). O PSD exige explicações claras por parte do governo, na pessoa do Sr. Ministro da Saúde, sobre as razões que levaram ao prolongado tempo de espera na urgência do Hospital de Loures, bem como ao encerramento temporário do serviço a ambulâncias", lê-se ainda no comunicado.

Também a Iniciativa Liberal afirma, num comunicado emitido esta tarde, que a "qualidade de serviço" do hospital "caiu vertiginosamente" e exige que se faça um "apuramento de responsabilidades".

"Todas as unidades que passaram de PPP para a gestão do Estado viram a sua qualidade de serviço cair, tendo o Hospital Beatriz Ângelo conseguido destacar-se ainda mais pela negativa. Aquele que era considerado um Hospital de excelência viu em poucos meses dezenas de médicos e enfermeiros abandonarem o Hospital, viu serviços a serem encerrados e viu a qualidade do serviço a simplesmente desaparecer", considera a IL.

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