Incêndios no Havai: empresa de electricidade sabia desde 2019 que as linhas apresentavam problemas

Em 2019, a Hawaiian Electric admitiu ter de adaptar as linhas para cortar a energia e evitar incêndios. Mas só pediu autorização para o fazer em 2022. Governo local fez alertas em 2021.

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Reuters/MIKE BLAKE
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A empresa de energia eléctrica do estado norte-americano do Havai, sob escrutínio por estar a ser acusada de ter contribuído para os incêndios que fustigaram a ilha de Maui,​ já sabia desde 2019 que algumas das suas linhas apresentavam problemas e que necessitava de adoptar um plano para cortar a electricidade de modo a evitar incêndios em condições climatéricas extremas.

De acordo com o The New York Times, que avança a notícia neste sábado, os primeiros comentários sobre esses riscos partiram da própria empresa, a Hawaiian Electric, que há quatro anos anunciou que estava a averiguar como é que outras empresas de electricidade na Califórnia geriam o risco de incêndio sob condições meteorológicas extremas porque ela mesma teria de delinear um plano de acção.

Em 2021, o Governo de Maui também alertou para o risco de “as linhas acima do solo que falhem, sejam cortadas ou fiquem penduradas perto do solo libertarem faíscas que podem causar incêndios florestais, particularmente em condições de vento forte ou durante tempestades”. O vento foi precisamente um dos factores que contribuíram para a evolução descontrolada dos incêndios no Havai, ditando a morte de mais de 100 pessoas.

Em 2022, a Hawaiian Electric pediu autorização ao Governo local para investir 190 milhões de dólares (o equivalente a mais de 174 milhões de euros) no fortalecimento dos seus sistemas de fornecimento de energia no estado norte-americano, mas o requerimento ainda está pendente, prossegue o The New York Times. Uma intervenção desta natureza pode demorar anos até ser finalizada.

Os incêndios no Havai são considerados o maior desastre natural da história deste estado norte-americano desde que há registos e o mais grave em todo o país dos últimos 100 anos. Começaram a 8 de Agosto — coincidindo com o registo de ventos fortes provocados por uma área de alta pressão atmosférica e pela passagem do furacão Dora, assim como com a emissão de grandes quantidades de vapor de água por um dos vulcões do estado e ainda não foram totalmente extintos.

Um vídeo entretanto divulgado nas redes sociais mostra uma linha eléctrica na cidade de Lahaina a libertar faíscas poucas horas antes de se registarem os primeiros incêndios na ilha de Maui. Os dados recolhidos com sensores da Whisker Labs na ilha também apresentam sinais de falhas nos sistemas eléctricos da Hawaiian Electric assim que se levantou o vento que o instituto meteorológico previu para o dia 8 de Agosto na região.

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