Reforço de quatro milhões no Apoio a Projectos “não basta”, dizem artistas

Anúncio de dia 11 é visto como “”sinal praticamente imperceptível” da sensibilidade do ministro Adão e Silva. Contestação ao orçamento de apoios da DGArtes continua.

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O ministro Pedro Adão e Silva tem tido na pasta dos apoios às artes um dos seus dossiers mais contestados Rui Gaudencio

O reforço de cerca de quatro milhões de euros para o Programa de Apoio a Projectos da Direcção-Geral das Artes (DGArtes) de 2023 "não basta", lamentou esta sexta-feira a Acção Cooperativista.

O grupo informal de apoio aos profissionais da Cultura descreve o reforço como um "sinal, praticamente imperceptível", de que o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, deu início, "finalmente, a um caminho de escuta das reivindicações" do sector.

Adão e Silva anunciou o reforço do Programa de Apoio a Projectos da DGArtes de 2023 nas áreas de criação, programação e internacionalização a 11 de Agosto, no mesmo dia em que mais de dois mil artistas e entidades culturais assinaram uma carta aberta a pedir-lhe que resolva a "situação calamitosa" nos financiamentos da DGArtes.

Ainda assim, a Acção Cooperativista acusou ainda o ministro de falta de transparência. "Que cálculos foram feitos para chegar ao valor de quatro milhões? (...) Quem do sector se fez ouvir para a tomada desta decisão?" questionou.

Por outro lado, o grupo defendeu num comunicado que a decisão "vem tarde" para corrigir os resultados "catastróficos" do Programa de Apoio a Projectos de 2022, que atribuiu financiamento a 382 projectos.

De acordo com a Acção Cooperativista, das 1010 candidaturas que ficaram de fora do financiamento, algumas tinham pontuações acima dos 90% e muitas tinham pontuação acima dos 80% em matéria de cumprimento de requisitos.

"Este resultado inaceitável tem de ser corrigido imediatamente. Não pode esperar por novos concursos que, abrindo em Outubro, se vão arrastar para o próximo ano", defendeu o grupo, alertando para a possibilidade de algumas das entidades serem forçadas a fechar portas.

Os seis concursos do Programa de Apoio Sustentado 2023/2026 tinham alocado um montante global de 81,3 milhões de euros. Em Setembro, Pedro Adão e Silva, anunciou o aumento desse valor para 148 milhões de euros.

No entanto, esse reforço abrangeu apenas a modalidade quadrienal dos concursos, tendo ficado de fora a modalidade bienal, obrigando dezenas de estruturas a procurar financiamento no programa de apoio a projectos.

De acordo com informação divulgada pelo ministro à agência Lusa, a declaração anual da DGArtes de 2022 previa 8,65 milhões de euros para o Programa de Apoio a Projectos, nas áreas de criação, programação e internacionalização, e a declaração para este ano tinha inscritos 9,52 milhões de euros nestas áreas.

O reforço para 2023 eleva este valor para um total de 12,66 milhões de euros, dos quais 7,8 milhões de euros são para a área da criação, 3,7 milhões de euros para programação e cerca de um milhão de euros para internacionalização.

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