Cartas ao director

A crise migratória e o futuro do aeroporto e da guerra da Ucrânia analisados pelos leitores.

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Até quando estarão os EUA com a Ucrânia?

Sendo a indústria do armamento algo que faz crescer o PIB dos EUA; havendo uma tremenda vontade do Presidente Biden em mostrar ao Mundo que enquanto estiver na Casa Branca vai tentar tudo para continuar a ser a potência número um em diversas áreas; não vai ser possível perpetuar esta situação.
Haverá necessidade de os EUA passarem a cativar mais dinheiro para resolver catástrofes no seu próprio território, como o caso recente no Havai, e não só.
O Presidente Biden esperaria em Novembro deste ano ter como trunfo eleitoral, para as próximas presidenciais, uma vitória da Ucrânia sobre a Rússia, até para fazer esquecer a saída precipitada dos EUA do Afeganistão, com as consequências conhecidas. E estas perspectivas não parecem estar em forma, uma vez que a Rússia, apesar da total responsabilidade e imbecilidade de Putin, e da demora imprevisível desta conquista da Ucrânia, não estar no ponto de ser a derrotada pelos EUA, pela presidente da Comissão Europeia e pelo secretário-geral da Nato.
E esta vontade sobre a orientação dos EUA de Biden pode vir a ter uma inversão total, se não antes, com uma troca de cadeiras nas presidenciais do próximo ano, com o regresso de Trump à Casa Branca — nada impossível, na América de hoje.

Augusto Küttner, Porto

Humanismo civilizacional em crise

O recente naufrágio trágico do submersível Titan pôs em evidência os valores e os princípios que norteiam as nossas sociedades contemporâneas, a hipocrisia e o cinismo de um mundo que supostamente se afirma civilizado.
Todos os dias naufragam nas águas do Mediterrâneo milhares de seres humanos que fogem da fome, da miséria e de guerras cruéis. Todos os dias são elaboradas listas arbitrárias, ilegítimas e hipócritas de Estados, que supostamente são patrocinadores do terrorismo e impostas sanções aos seus indefesos povos, condenando-os a um labirinto de sofrimento e morte. Ostracizam-se pessoas inocentes, vítimas da repressão e da violência desmedidas. Povos que outrora foram pilares da civilização humana e viveram pacificamente.
Convivi com muitos desses povos e culturas enquanto estudante estipendiário num país distante e pude testemunhar que partilhavam os mesmos sonhos e projectos de vida, apenas pretendiam viver em paz e construir um mundo melhor e mais justo. Serem felizes e ajudarem a melhorar a qualidade de vida dos seus povos. Hoje são apelidados de terroristas e incivilizados.
Contudo, muitos são forçados a emigrar, despojados de quase tudo, arriscando as suas próprias vidas. Muitos ficam pelo caminho, sem que os responsáveis pelas políticas que levaram à crise migratória, sejam responsabilizados pelo caos de violência que provocaram. Nem os seus nomes são mencionados nas notícias ou mereceram uma singela homenagem. São criaturas anónimas, sem rosto ou dignidade. Ao contrário dos milionários que faleceram no Titan.
Mundo cruel este, triste civilização esta onde o humanismo e a solidariedade perderam a sua identidade. Perante tamanha desumanidade e barbárie, a pior das conivências será o silêncio cúmplice. Para todos eles, o meu respeito e admiração.

José Manuel Fernandes, Rio Tinto

Ai resiste, resiste!

Afinal, as nossas instalações aeroportuárias resistem.
Li hoje no PÚBLICO que os aeroportos portugueses atingiram 31 milhões de passageiros, ou seja, mais 28,4% no primeiro semestre de 2023 do que em igual período de 2022.
Sempre achei que o melhor aeroporto, como alternativa, seria Beja e continuo a achar, como alternativa, porque construir um aeroporto pensado para 50 anos, jogando com os dados de hoje, é uma jogada no escuro.
Senão vejamos. Nos anteriores 50 anos apareceu o Concorde. O mais rápido. O melhor.
Precisamente o Concorde partiu de Lisboa e deu a volta ao mundo em pouco mais de 32 horas tendo percorrido 40.000 km. Queria pistas mais compridas e fazia um ruído ensurdecedor.
Já morreu.
Com as alterações climáticas que estamos a sentir na pele, é necessário alterar, entre outras coisas, a poluição provocada pelos motores que usam combustíveis fósseis. Daí o incremento que está a acontecer em todo o mundo nos transportes, recorrendo ao ferroviário e melhorando o avião do futuro.
Ninguém sabe como será o tráfego aéreo daqui a 50 anos.
Com necessárias adaptações no aeroporto de Lisboa de hoje, e com a colaboração da Força Aérea (que em vez de ceder Montijo cederia o AB1 - Figo Maduro), alguém ainda pensa que daqui a 50 anos não haverá acomodações para os aviões de passageiros que ainda voarão nessa altura?

José Rebelo, Caparica

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