YouTubers ainda fazem vender mais livros para jovens do que o TikTok

Dados relativos ao Reino Unido mostram que as recomendações de amigos, o site de vídeos ou o Instagram contribuem muito para criar novos leitores.

Foto
Íris Bicho é uma conhecida booktoker portuguesa Nuno Ferreira Santos
Ouça este artigo
00:00
02:48

O poder das redes sociais na criação de modas é amplamente conhecido e nos últimos dois anos o TikTok é não só a rede da moda como o seu poder na criação de novos leitores e na vitalidade do mercado livreiro é o mais falado. Mas segundo um estudo da empresa de audiências e estudos de mercado Nielsen, o site de partilha de vídeos YouTube é a plataforma online mais popular para a descoberta de livros pelo público mais jovem.

Os dados do estudo Nielsen BookData, citado pelo diário britânico The Guardian, dá novos detalhes sobre a comunidade de “book influencers” — os influenciadores digitais especializados em literatura —, revelando que afinal o já (relativamente) velhinho YouTube é o líder das fontes que os leitores entre os 14 e os 25 anos usam para encontrar novos livros. São 34% dos seus inquiridos, seguidos de perto pelos 32% que usam o TikTok, é certo, e um pouco mais longe dos 27% que recorrem ao Instagram para o mesmo fim.

O estudo ouviu leitores em Novembro do ano passado e permite completar o retrato actual do mercado livreiro, particularmente colorido nos últimos meses pela influência do BookTok — o espaço na rede social dos vídeos curtos e das danças dedicado à recomendação de novos títulos.

Foi precisamente em Novembro de 2022 que se soube que nos Estados Unidos se venderam 825 milhões de livros impressos no ano anterior, um número recorde que foi atribuído em grande parte aos BookToks. Segundo o diário New York Times, as vendas de mais de cem autores com muita popularidade no BookTok representaram 657 milhões de euros em vendas em 2022. São bastante mediáticos os casos de autores que viram as vendas das suas obras disparar por causa de recomendações na rede social de origem chinesa, como o do policial de Lloyd Devereux Richards ou das histórias da autora de ficção para jovens adultos Colleen Hoover.

Em 2022, na Feira do Livro de Lisboa já se tinha realizado uma noite para influenciadores digitais de livros sob a égide do grupo Penguin Random House e este ano a tendência expandiu-se: houve um encontro de booktokers, um painel sobre o papel do BookTok na promoção da leitura entre os jovens e até um pavilhão do grupo LeYa só para os livros favoritos dos leitores que chegam via redes sociais. O TikTok, por seu turno, criou o seu próprio clube de leitura oficial.

O YouTube tem o seu clube de leitura, o BookTube, que tem centenas de milhares de visualizações e onde a maioria dos utilizadores e produtores de vídeos se interessa por literatura para jovens adultos. Mas, como ressalva o Guardian sobre o estudo, quando a Nielsen juntou às perguntas questões sobre fontes de descoberta de livros offline, as percentagens dessas categorias suplantaram até o YouTube. Quarenta e um por cento dos inquiridos seguiram sugestões de amigos e 36% compraram um livro que não conheciam ao visitar uma livraria.

Os géneros literários mais populares nesta faixa etária dos 14-25 são a fantasia ou histórias de aventura, seguidos pelos thrillers e policiais.

Sugerir correcção
Comentar