Operafest Lisboa regressa com uma edição “entre o céu e o inferno”

Carmen, Suor Angelica e A Flauta Mágica, bem como homenagens a Maria Callas e filmes na Cinemateca marcam programa. Rave operática encerra festival dia 8 de Setembro.

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Ensaio de Até que a Morte nos Separe, no OperaFest 2021 Rui Gaudencio
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A 4.ª edição do Operafest Lisboa arranca dia 18 de Agosto e estende-se até 9 de Setembro sob o tema Entre o Céu e o Inferno: Do prazer supremo ao medo mais profundo com três conhecidas óperas — Carmen, Suor Angelica e A Flauta Mágica — bem como a estreia da primeira ópera do compositor português Francisco Lima da Silva, Rigor Mortis, e um ciclo de cinema, entre outros destaques de programação, anunciados esta terça-feira em comunicado.

O festival dirigido pela soprano Catarina Molder e produzido pela Ópera do Castelo começou em 2020 e orgulha-se, como destaca a mesma nota enviada à imprensa, de ter captado novos públicos. Na edição de 2022, “37% do seu público” foi “à ópera pela primeira vez” num dos seus espectáculos, detalha a organização.

Da edição de 2023 constam 12 eventos, entre uma rave operática no jardim do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) ou as sessões de Cine-Ópera na Cinemateca Portuguesa, alguns dos quais com várias sessões ou récitas. É o caso de Carmen, de Georges Bizet, que será interpretada nos dias 18, 19, 21, 23 e 25 de Agosto, sempre às 21h no jardim do MNAA, ou de Suor Angelica & Rigor Mortis, a estreia absoluta da obra do jovem compositor português após a interpretação do clássico de Giacomo Puccini, que estarão nos jardins do museu lisboeta nas noites de 26 e 27 de Agosto.

Condição feminina

Há vários pontos de contacto nesta programação e a curadoria explicita-os na sua nota de apresentação. “Tal como a ascensão a um patamar superior é uma inevitável aspiração humana — um patamar de harmonia, beleza e prazer supremos —, no extremo oposto está o terror por situações de sofrimento extremo da experiência humana – o inferno. O desejo e os receios supremos são o mote do Operafest Lisboa 2023, tendo ainda e como questão transversal a condição feminina e luta pela liberdade e direitos das mulheres.”

Carmen, a história de uma mulher cuja vida foi dominada por homens e pelas suas próprias paixões, vai ser interpretada pela meio-soprano portuguesa Cátia Moreso e pelo tenor mexicano Rodrigo Porras Garulo (no papel de D. José) bem como pelo barítono colombiano Christian Luján (Escamiglio). O actor e encenador português Tónan Quito estrear-se-á na encenação de ópera com esta Carmen, que será conduzida pelo maestro luso-polaco Jan Wierzba.

O duplo espectáculo de Puccini e Lima da Silva terá em palco a própria Catarina Molder e será mais uma estreia em encenação de ópera, desta feita do actor e encenador David Pereira Bastos; a direcção musical estará a cargo do maestro Miguel Sepúlveda.

Mas os clássicos não ficam por aqui e a originalidade da récita de A Flauta Mágica, de Wolfgang Amadeus Mozart, é que será um espectáculo para o público familiar. A encenação do espectáculo que abre Setembro no mesmo jardim do MNAA, centro nevrálgico do Operafest, cabe a Mónica Garnel e o maestro é Tiago Oliveira. As datas de realização deste espectáculo são 2, 3 e 5 de Setembro, às 21h.

Cinema e aulas de canto

Uma das novidades do festival é a parceria com a Cinemateca Portuguesa, que terá sessões de A Flauta Mágica, de Ingmar Bergman, Os Canibais, de Manoel de Oliveira e Maria by Callas, de Tom Volf. As sessões na Cinemateca decorrem a 7 e 8 de Setembro, mas Callas, cujo centenário de nascimento se assinala este ano, será também tema de uma conferência do musicólogo Rui Vieira Nery dia 7, às 18h30, com entrada livre no auditório do Âmbito Cultural El Corte Inglés.

A programação inclui ainda Máquina Lírica, que são aulas de canto para amadores curiosos na Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul, e na mesma tónica com o curso livre À Descoberta da Ópera, conduzido por Inês Thomas Almeida. Na secção Ópera Satélite estará Gustavo Sumpta “a explorar a matéria operática em Forças Ocultas" no Teatro Romano de Lisboa, a 1 de Setembro, e aquele que já é um espectáculo emblemático do jovem festival, a Rave Operática, encerra o festival com Margarida Campelo e o DJ Marfox, além de outros cantores líricos e artistas a anunciar, dia 9 a partir das 22h ao ar livre no MNAA.

No Centro Cultural de Belém (CCB) decorrerá, dia 6 de Setembro, a Maratona Ópera XXI — Grandes Cantores para a Ópera de Hoje, em que num espectáculo encenado a partir de árias de óperas de compositores portugueses como Alexandre Delgado, António Chagas Rosa, Hugo Ribeiro, Dimitri Andrikopoulos, Francisco Fontes ou Nuno Côrte-Real, sejam avaliados os candidatos à interpretação de ópera em língua portuguesa. Encenação de Rodrigo Aleixo e direcção musical da maestrina Rita Castro Blanco. Os vencedores recebem o prémio Carlos de Pontes Leça.

O ensemble MPMP é não só co-produtor deste concurso mas também o ensemble residente do festival. O elenco de candidatos já está definido e serão eles Ana Sofia Ventura, Beatriz Maia, Juliana Macedo, Nataliya Stepanska, Marta Martins, Sofia Marafona e Tiago Amado Gomes. Molder, Nery ou Wierzba, bem como o maestro e programador do CCB Cesário Costa e a actriz e encenadora Sandra Faleiro compõem o júri.

O Operafest tem financiamento da Direcção-Geral das Artes e do Ministério da Cultura, realizando-se em co-produção com o MNAA e conta com vários mecenas e outros parceiros institucionais. Os preços dos bilhetes para os vários espectáculos e eventos vão dos 3,40 euros dos ingressos para o Cine-Ópera até ao máximo de 50 euros (há bilhetes a vários preços) para uma récita de Carmen; a rave tem como preço de entrada 15 euros.

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