Líder da oposição senegalesa foi hospitalizado ao fim de uma semana de greve de fome

Ousmane Sonko está preso desde a semana passada. Juan Branco, um dos seus advogados, foi detido esta segunda-feira e o partido do opositor foi dissolvido.

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Manifestação contra a condenação de Sonko organizada pela comunidade senegalesa de Madrid na semana passada EPA/GUILLEN
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O líder da oposição senegalesa, Ousmane Sonko, foi hospitalizado na sequência de uma greve de fome que iniciou após ter sido preso na semana passada, revelou o Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, Ética e Fraternidade (PASTEF), o partido que lidera.

A direcção do partido responsabiliza as autoridades do Senegal pela condição clínica de Sonko, de 48 anos, que entrou em greve de fome pouco depois de ter sido detido no final de Julho. “Antes de ser preso, ele estava de boa saúde e não tinha quaisquer doenças conhecidas”, diz o PASTEF através de um comunicado divulgado no domingo e citado pela BBC.

Sonko tem estado na mira da justiça senegalesa nos últimos anos, embora o político garanta que as acusações movidas contra si têm o propósito de o afastar da vida política e, sobretudo, impedir que seja candidato às eleições presidenciais do próximo ano.

Em Junho, Sonko foi condenado a dois anos de prisão pelo crime de “corrupção de jovens”, na sequência de alegações feitas por uma massagista. O tribunal absolveu-o, porém, das acusações de violação e ameaça de morte.

A condenação despertou a ira de muitos dos seus apoiantes que convocaram protestos muito violentos, deixando 16 mortes e centenas de feridos – uma situação pouco comum num dos países politicamente mais estáveis do continente africano, destaca a BBC.

Sonko, um ex-inspector tributário que se notabilizou por denunciar casos de evasão fiscal, tornou-se nos últimos anos num dos políticos mais populares do Senegal, sobretudo junto da população mais jovem, atraída pelas mensagens de mudança bem veiculadas pelas redes sociais. A sua cruzada contra a corrupção e contra os vícios da classe política tradicional de Dacar é vista pelos seus apoiantes como o ponto mais forte do seu programa política, mas para os seus críticos Sonko é apenas um populista irresponsável.

Sonko tem igualmente utilizado a seu favor o crescente ressentimento de grande parte da população senegalesa em relação à forte dependência do país face a França, a antiga potência colonial. Durante os protestos contra a sua condenação, muitos apoiantes do político opositor vandalizaram lojas ou outros estabelecimentos com ligações a França.

O Patriotas do Senegal, o partido fundado por Sonko em 2014 e que foi um dos mais votados nas eleições legislativas do ano passado, foi dissolvido esta segunda-feira sob acusação de estar a promover a desordem pública, segundo a AFP.

Um dos advogados de Sonko, Juan Branco, foi também detido esta segunda-feira, depois de ser extraditado da Mauritânia onde se encontrava. É acusado de terrorismo, conspiração e desordem pública, de acordo com a Reuters.

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