Um comité do património da UNESCO não incluiu a Grande Barreira de Coral da Austrália na lista de locais "em perigo", mas avisou que o maior ecossistema de recifes de coral do mundo continua sob "séria ameaça" devido à poluição e ao aquecimento dos oceanos.
A Austrália tem vindo a fazer lobby há anos para manter o recife - que contribui com cerca de 6 mil milhões de dólares australianos (3,6 mil milhões de euros) para a economia e sustenta 64 mil postos de trabalho - fora da lista de sítios ameaçados, uma vez que isso poderia levar à perda do estatuto de património, tirando algum brilho à sua atracção para os turistas.
Em Novembro, a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - afirmou que o recife deveria ser colocado na lista de perigo após frequentes episódios de branqueamento dos corais.
No último relatório, o painel "registou com apreço" os compromissos e as acções iniciais do governo australiano para preservar o recife.
"O projecto de decisão cita os "progressos significativos" que estão a ser feitos em matéria de alterações climáticas, qualidade da água e pesca sustentável - tudo isto coloca o recife num caminho mais forte e mais sustentável", afirmou o primeiro-ministro Anthony Albanese durante uma conferência de imprensa.
Investir na protecção
Anthony Albanese reconheceu que o projecto de decisão da UNESCO não coloca o recife "em segurança" e que são necessárias mais medidas para o manter fora da lista de espécies ameaçadas.
O governo trabalhista, de centro-esquerda, prometeu 1,2 mil milhões de dólares australianos (726 milhões de euros) para proteger o recife, retirou o financiamento federal para barragens e negou autorização para uma mina de carvão que, segundo o governo, poderia ter afectado a qualidade da água do recife.
O painel da ONU pediu ao governo que apresentasse um relatório de progresso até Fevereiro de 2024.
O Fundo Mundial para a Natureza-Austrália disse que a UNESCO poderia colocar o recife na lista dos ameaçados de extinção se o governo não demonstrasse progresso nos compromissos existentes.
"A UNESCO manteve os governos da Austrália e de Queensland em liberdade condicional", disse Richard Leck, director do WWF-Austrália para os Oceanos. "Há uma oportunidade para a Austrália melhorar a situação antes de lhe ser exigido um relatório de progresso... no próximo ano."