Há aves a saltar do ninho para fugir ao calor. E há um centro na Suíça para as ajudar

São centenas de aves desidratadas ou doentes que chegam a este centro em Genebra. “São tantos os elementos negativos que se acumulam que a situação torna-se realmente catastrófica”, diz ornitólogo.

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Um voluntário alimenta uma cria de andorinhão que foi encontrado no chão durante uma onda de calor DENIS BALIBOUSE/REUTERS
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O Centre Ornithologique de Réadaptation, nos arredores de Genebra, recebeu centenas de aves este ano DENIS BALIBOUSE/REUTERS
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O Centre Ornithologique de Réadaptation, nos arredores de Genebra, recebeu centenas de aves este ano DENIS BALIBOUSE/REUTERS

Pardais e andorinhões têm chegado em massa a um centro suíço de tratamento de aves em dificuldades, depois de as temperaturas elevadas as terem deixado desidratadas, com as crias a caírem dos ninhos numa tentativa desesperada de fugir ao calor abrasador.

O Centre Ornithologique de Réadaptation, nos arredores de Genebra, acolheu cerca de 30 aves por dia, muitas delas com problemas relacionados com o calor, numa altura em que as temperaturas têm ultrapassado frequentemente os 30 graus Celsius este mês.

Prevendo-se que as temperaturas extremas se mantenham devido às alterações climáticas, o ornitólogo Patrick Jacot, que fundou a organização sem fins lucrativos em 1975, não prevê que haja tréguas.

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Crias de pardal que se atiraram do ninho durante uma onda de calor DENIS BALIBOUSE/REUTERS

"Este não é um problema que tenhamos tido antes", afirmou, referindo-se às dezenas de aves afectadas pelo calor.

As aves que fazem os seus ninhos em sítios ocos, desde beirais a caixas de correio, são particularmente vulneráveis. Os locais que servem de base à sua nidificação — por vezes metálicos — sobreaquecem, fazendo com que as crias saltem de forma dramática e por vezes letal.

Aves saltam sozinhas

"As aves saltam sozinhas quando ainda não têm sequer idade suficiente para sair do ninho", diz a bióloga Fanny Gonzalez, especialista em conservação da biodiversidade que trabalha neste centro.

"Caem alguns metros, vão parar ao asfalto igualmente quente e ficam completamente indefesas".

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Fanny Gonzalez com uma cria de andorinhão que foi encontrada no chão durante uma onda de calor DENIS BALIBOUSE/REUTERS

No centro, que já acolheu mais de 1660 aves este ano, um grupo de pardais recém-nascidos que foram encontrados no chão imploravam por comida, com os bicos bem abertos e os corpos rosados a tremer.

Fora dos seus ninhos, aves como estas podem ser atacadas ou comidas por outras espécies, atingidas por veículos ou mesmo queimadas pelo asfalto escaldante.

O objectivo do centro, que tratou mais de 2400 aves em 2022, é curar as aves o suficiente para que possam viver uma vida normal na natureza.

Patrick Jacot disse que o calor extremo afectou as fontes de alimento, transformando a procura de sustento das aves numa provação com risco de vida.

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Biólogo tira um arame da pata de uma gaivota no centro DENIS BALIBOUSE/REUTERS

"Elas estão fracas e, em alguns casos, desidratadas", disse Jacot, que recomenda que as pessoas deixem pratos rasos de água nos seus jardins para dar uma ajuda aos pássaros.

"Eles precisam de se limpar, mas também de beber."

As altas temperaturas também tiveram consequências indirectas nestes animais, incluindo o aumento do risco de as aves tomarem banho ou beberem água infestada de bactérias. Os seus padrões de migração também sofreram alterações. "São tantos os elementos negativos que se acumulam, que a situação torna-se realmente catastrófica", disse Jacot.

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