Serviço de neonatologia do Santa Maria isolado devido a bactéria multirresistente

Dos 13 bebés prematuros internados no serviço de neonatologia, 11 estão colonizados pela bactéria. Director do serviço diz que o primeiro caso foi registado “há duas/três semanas”.

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Serviço de neonatologia do Hospital de Santa Maria está encerrado Diego Nery
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O serviço de neonatologia do Hospital de Santa Maria (Lisboa) foi encerrado para novas admissões e isolado devido a um surto provocado por uma bactéria multirresistente a antibióticos. Ontem à tarde, 11 dos 13 bebés internados no serviço estavam colonizados (não infectados) pela bactéria Klebsiella pneumoniae, mas todos estão “clinicamente estáveis”, assegura o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (CHULN), a que pertence o Santa Maria.

Segundo o que o director do serviço de neonatologia do Santa Maria adiantou ao PÚBLICO a bactéria foi detectada há “cerca de duas ou três semanas”, mas na altura a decisão foi a de isolar os bebés cujos testes eram positivos. “Achámos que a separação em salas isoladas seria suficiente para não haver transmissão, mas neste momento não temos alternativa senão encerrar novas admissões”, afirmou.

Os 11 bebés prematuros cujos testes para esta bactéria se revelaram positivos vão continuar no Santa Maria até terem alta, referiu ainda o médico ao PÚBLICO. “Os bebés positivos estão clinicamente estáveis e o Grupo Coordenador Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte está a acompanhar a situação de acordo com as normas da Direcção-Geral da Saúde. A resposta nesta área é assegurada por meios internos do CHULN e através de articulação com a rede”, explicou o centro hospitalar, em resposta escrita.

André Graça salienta que os bebés prematuros correm maior risco do que outra pessoa que seja infectada por esta bactéria “por serem de certa forma imunodeprimidos”.

Entretanto, a admissão de bebés no serviço de neonatologia foi suspensa e as grávidas de risco, cujos bebés se preveja poderem vir a necessitar de incubadora, terão de ser encaminhadas para outros hospitais, nomeadamente a Maternidade Alfredo da Costa, o Hospital Amadora-Sintra ou o Hospital de São Francisco Xavier. Mas as restantes continuarão a ser admitidas.

“A maioria dos bebés que nascem não precisam de ir para a unidade de neonatologia e as grávidas de risco não serão nem referenciadas nem trazidas pelo INEM”, adiantou André Graça. Mas, como continuam a ser admitidas mulheres no bloco e partos, caso um desses bebés necessite de cuidados de neonatologia, “terá de ser transferido” para outro hospital.

O serviço de neonatologia do Hospital de Santa Maria já tinha, de qualquer forma, encerramento previsto para a próxima terça-feira, data em que começam as obras na maternidade do hospital e em que os partos passam a ser feitos no Hospital de São Francisco Xavier. Mas terá agora de permanecer aberto até que os bebés colonizados pela bactéria possam ter alta.

A Klebsiella pneumoniae é resistente à maior parte dos antibióticos disponíveis, o que implica “mais preocupação” na eventualidade de vir a ser necessário tratar uma infecção — os 11 bebés não estão infectados, estão colonizados com a bactéria, explicou o director do serviço de neonatologia. Esta bactéria multirresistente aparece “com alguma frequência” nos hospitais, mas nunca tinha sido detectada na neonatologia do Hospital de Santa Maria, acrescentou André Graça.

A propagação da Klebsiella pneumoniae multirresistente a antibióticos está aumentar em Portugal e noutros países, onde tem provocado surtos hospitalares com infecções graves que, em alguns casos, têm provocado mortes de doentes debilitados. Esta bactéria vive habitualmente nos intestinos sem causar problemas, mas quando entra no sistema respiratório é difícil de eliminar por ser resistente a vários antibióticos.

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