Morreu Bo Goldman, argumentista de Voando Sobre um Ninho de Cucos
Em 1975 recebeu o Óscar de Melhor Argumento Adaptado pelo filme de Milos Forman e em 1980 o Óscar de Melhor Argumento Original por Melvin e Howard.
Bo Goldman, que recebeu dois Óscares, um pelo argumento adaptado de Voando Sobre um Ninho de Cucos (1975) e outro pelo argumento original de Melvin e Howard (1980), morreu na terça-feira em Helendale, na Califórnia, nos EUA, aos 90 anos. A notícia foi confirmada ao The New York Times pelo seu genro, o actor e realizador Todd Field (Tár).
O argumentista e produtor norte-americano, que nasceu em Nova-Iorque em 1932, é ainda o autor do argumento da versão americana de Perfume de Mulher (1992 ), também nomeado para os Óscares, realizado por Martin Brest e com Al Pacino; de A Rosa (1979), de Mark Rydell, com Bette Midler; e de O Pequeno Nikita, de Richard Benjamin, com Sidney Poitier e River Phoenix.
Quando ainda estava a tentar ter carreira como escritor, depois de ter começado por escrever letras para musicais da Broadway (como First Impressions baseado no Orgulho e Preconceito, de Jane Austen) e de ter trabalhado para a televisão, Goldman foi contactado pelo realizador Milos Forman. Lera o seu argumento de Shoot the Moon/Depois do Amor (1982), que ainda não fora realizado por Alan Parker, e queria encontrar-se com ele para discutirem a adaptação do romance de Ken Kesey, Voando Sobre um Ninho de Cucos. Há anos a tentarem adaptar a obra ao cinema, nem Forman nem o actor Jack Nicholson estavam contentes com a adaptação já feita por Lawrence Hauben que tinham em mãos. O Óscar por este trabalho foi atribuído aos dois argumentistas, a Lawrence e a Bo. Receberam ainda um Writers Guild Award e um Globo de Ouro.
Lembra a Hollywood Reporter que, à Writers Guild Foundation, em 2020, Bo Goldman contara que a primeira coisa que disse nessa reunião com Forman é que achava que McMurphy, a personagem que viria a ser interpretada por Nicholson, devia aparecer e beijar os oficiais que o estavam a receber na instituição psiquiátrica.
Mas foi com a história de Melvin Dummar, que acreditava que Howard Hughes lhe deixara parte da fortuna num testamento escrito à mão, que Bo Goldman voltou a receber um Óscar. Desta vez pelo argumento original.
Ao longo da vida foi premiado com dois Globos de ouro, dois prémios da Writers Guild of America e também com o prémio de carreira desta instituição, Lifetime Achievement Award, em 1998.
O realizador Martin Brest, que fez com ele dois filmes, refere no obituário do The New York Times que Bo Goldman se considerava um cineasta mais do que um escritor: “Ele era parte da criação de um filme”.