Jim Skea é o novo presidente do IPCC

Jim Skea, de 69 anos, é professor de Energia Sustentável e co-presidiu o trabalho do IPCC sobre mitigação das alterações climáticas. Trabalha no IPCC há 30 anos.

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O britânico Jim Skea, o novo presidente do IPCC Orso3553/DR/WIKIPEDIA COMMONS

O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) elegeu nesta quarta-feira o escocês Jim Skea para liderar os trabalhos do sétimo ciclo de avaliações produzidas pelo organismo. O investigador foi eleito com 90 votos numa ronda final onde a brasileira Thelma Krug recebeu 69 votos.

Jim Skea ocupará o cargo durante os próximos cinco a sete anos, um período crítico tanto para o clima como para o organismo das Nações Unidas responsável pela avaliação das mais recentes descobertas científicas sobre as alterações climáticas, uma vez que se espera um agravamento da crise climática e que as temperaturas atinjam em breve 1,5 graus Celsius de aquecimento acima dos níveis pré-industriais.

A eleição teve lugar na sede do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP), em Nairobi, Quénia, onde o IPCC está a realizar a sua 59.ª sessão. As eleições para outros cargos na mesa do IPCC, incluindo os co-presidentes dos grupos de trabalho, acontecerão nos próximos dias.

Jim Skea, de 69 anos, é professor de Energia Sustentável no Imperial College London e co-presidiu o trabalho do IPCC sobre a mitigação das alterações climáticas. Começou a trabalhar com o IPCC há 30 anos. O escocês é também presidente da Comissão para a Transição Justa da Escócia e um dos fundadores do Comité para as Alterações Climáticas que aconselha o Governo britânico.

Inclusão, integridade e relevância

Em declarações à Reuters antes da eleição, Skea afirmou que é importante que os futuros relatórios abordem cenários de ultrapassagem — como preparar e responder a uma situação em que os limites de aquecimento previstos no acordo de Paris sejam ultrapassados e explorar todas as opções de mitigação através da tecnologia.

“As alterações climáticas são uma ameaça existencial para o nosso planeta. A minha ambição é liderar um IPCC que seja verdadeiramente representativo e inclusivo, um IPCC virado para o futuro, explorando ao mesmo tempo as oportunidades que temos no presente. Um IPCC em que todos se sintam valorizados e ouvidos”, afirmou Jim Skea aos delegados do IPCC, de acordo com um comunicado enviado à comunicação social pelo painel intergovernamental.

O investigador define, assim, três prioridades: “Melhorar a inclusão e a diversidade, proteger a integridade científica e a relevância política dos relatórios de avaliação do IPCC e utilizar eficazmente os melhores dados científicos disponíveis sobre alterações climáticas.”

Novo ciclo

Os outros candidatos à liderança do IPCC eram Jean-Pascal van Ypersele (Bélgica), um físico envolvido no trabalho do IPCC como autor e vice-presidente desde 1995, que foi também conselheiro da presidência das Ilhas Fiji nas anteriores conversações da ONU sobre o clima; Thelma Krug (Brasil), uma matemática que anteriormente liderou esforços para monitorizar a desflorestação na Amazónia e que, em 2015, se tornou a primeira mulher vice-presidente do IPCC, e ainda Debra Roberts (África do Sul), cientista natural e co-presidente do grupo do IPCC sobre os impactos das alterações climáticas. Krug e Roberts foram as primeiras mulheres candidatas nos 35 anos de história do painel.

Criado em 1988, o IPCC produz relatórios que são considerados a fonte mais fiável de conhecimento científico sobre as alterações climáticas, que servem de base às conversações internacionais sobre o clima, em particular as cimeiras anuais das Nações Unidas sobre o clima, as chamadas reuniões COP.

Os relatórios são elaborados por três grupos de trabalho que estudam a ciência das alterações climáticas, os seus impactos e as formas de os atenuar. Durante o sexto ciclo de avaliação do IPCC, que acaba de ser concluído, Skea foi co-presidente do Grupo de Trabalho III, que avalia a mitigação das alterações climáticas. A maior parte da sua carreira, descreve o comunicado do IPCC, tem sido dedicada a garantir que os desafios das alterações climáticas são compreendidos e que são tomadas medidas para os evitar.

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