Jihadistas moçambicanos decapitam duas pessoas em Cabo Delgado

Corpos foram encontrados na segunda-feira na aldeia de Litamanda onde no princípio deste mês terá havido um ataque dos terroristas.

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Militares vigiam um mercado no centro de Mocímboa da Praia LUÍS FONSECA/Lusa
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Litamanda parece ter-se tornado no epicentro dos últimos desenvolvimentos no conflito na província moçambicana de Cabo Delgado, no extremo norte do país, onde aparentemente o grupo jihadista conhecido como Al Shabab procura ocupar posições junto ao rio Messalo, cujas águas nesta altura estão suficientemente baixas para ser atravessado.

O último sinal da presença dos fundamentalistas com ligações ao Daesh é a descoberta de dois corpos decapitados na segunda-feira em Litamanda, que fica no posto administrativo de Chai, no distrito de Macomia, divulgou o site noticioso Carta de Moçambique.

Os dois homens, residentes em Litamanda, teriam estado a pescar no lago Inguri quando foram apanhados pelos insurgentes. O lago costuma ser um sítio habitual de pesca das aldeias vizinhas, sobretudo do distrito de Muidumbe.

No sábado, um grupo de jihadistas tinha sido avistado a 20 km de Litamanda, num troço da estrada Chai-V Congresso.

De acordo com o Cabo Ligado, braço do Armed Conflict Location & Event Data Project que monitoriza o conflito em Cabo Delgado, “a actividade insurgente intensificou-se ao longo do rio Messalo, no distrito de Mocímboa da Praia”, a vila onde tudo começou em 2017 e que os fundamentalistas controlaram durante muito tempo até ser recuperado pela Força de Defesa do Ruanda.

Em Limala, a 6 de Julho houve até um incidente com testemunhos contraditórios. Uma fonte diz que os terroristas atacaram e mataram vários polícias da Unidade de Intervenção Rápida, originando um contra-ataque do contingente da Força de Defesa do Ruanda. Outra fonte referiu que não houve nenhum combate e que os insurgentes invadiram a aldeia para a saquear.

“Há movimentos insurgentes significativos em torno de Limala”, diz o Cabo Ligado, citando uma fonte local, “grupos de combatentes parecem estar a migrar dos distritos de Macomia e Muidumbe para Mocímboa da Praia, aproveitando a vantagem da pouca profundidade do rio Messalo, que nesta altura é facilmente transponível”.

Para o site que faz a monitorização do conflito, é possível que os fundamentalistas tenham por objectivo controlar a velha estrada da costa, a chamada Estrada Velha, que liga Quiterajo, no distrito de Macomia, à vila de Mocímboa da Praia, o que lhes permitiria ter “liberdade de movimentos ao longo da faixa costeira”.

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