Portugal cai para 10.º no top dos expatriados — acham habitação muito cara

Relatório que mede a satisfação de expatriados coloca Portugal no 10.º lugar. Os prós: clima e hospitalidade. Os contras: habitação e trabalho. Ainda assim, o “nível de felicidade” fixa-se nos 85%.

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Portugal cai seis lugares no top dos destinos favoritos de expatriados Teresa Pacheco Miranda
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É, sem surpresas, o clima e a hospitalidade que colocam Portugal no 10.º lugar entre 56 países do Expat Insider 2023 Survey, da InterNations, que conta com a opinião de mais 12 mil expatriados espalhados por todo o mundo.

Este lugar, apesar de colocar Portugal no top dos países mais desejados por expatriados, constitui uma queda face ao ano anterior: em 2022, Portugal tinha ficado em 4.º lugar.

No total, são pessoas de 171 nacionalidades que foram convidadas a avaliar 56 aspectos da sua vida, como “o custo de vida, acesso a habitação, perspectivas de carreira, mas também o acesso a Internet rápida em casa, vida social e qualidade dos cuidados médicos”, inseridos em cinco grandes categorias: qualidade de vida, facilidade em adaptar-se, trabalho, finanças pessoais e essenciais para expatriados.

Portugal ocupa um lugar de topo, com alguns pontos negativos no que toca à habitação e à carreira. Mas, antes, qual o perfil dos expatriados em Portugal? Têm, em média, 54,8 anos e vêm dos Estados Unidos (22%), do Reino Unido (14%) e do Brasil (11%) à procura de melhor qualidade de vida (22%), de viver a reforma noutro país (17%) ou motivados pela ideia de viver no país ou numa cidade específica (8%). São das áreas de IT, Educação e Comunicação e Marketing.

Dos imigrantes em Portugal, 78% dizem sentir-se “em casa” e 81% consideram ser “bem recebidos”, contra 62 e 67% em termos globais, respectivamente. A maioria, 80%, refere que “a população é, geralmente, amigável para os residentes estrangeiros”, mais 15% do que a média de avaliação global. O relatório mostra também que o clima e o ambiente são dois dos pontos mais positivos de Portugal, o que coloca o país na quinta posição do indicador homónimo.

Mais de metade dos expatriados (56%) diz, no entanto, ter dificuldades em lidar com a burocracia, contra 38% globalmente. A língua é também um dos obstáculos encontrados mas, em contrapartida, dois em cada três consideram que “é fácil viver no país sem aptidões linguísticas”.

Segundo o relatório, Portugal não é, contudo, um destino para quem procura oportunidades de carreira. Nesse indicador, ocupa o 43.º lugar de 56 países: mais de um em cada três está infeliz com o mercado de trabalho. A habitação é outro contra, fixando-se no 32.º lugar. Ainda assim, o “nível de felicidade” dos expatriados fixa-se nos 85%, contra os 72% globais, e no índice de Finanças Pessoais o país ocupa o 12.º lugar: 63% estão felizes com o custo de vida.

Há outras tendências a sublinhar no relatório, como é o caso do México, que lidera o top de destinos mais populares, figurando nesta lista pela quinta vez e foi considerado, pela segunda vez consecutiva, o “sítio com a população local mais amigável”. O segundo lugar deste top é de Espanha, que ocupa o primeiro no que toca à qualidade de vida.

Em sentido contrário, a Noruega está entre os países que perdeu mais: desceu 18 lugares em relação ao ano passado. Com a “inflação crescente em toda a Europa, os expatriados que vivem no país estão agora particularmente insatisfeitos com o custo de vida”. A Turquia viu os seus resultados piorarem ainda mais, em comparação com 2022 — quando já fazia parte dos piores dez países —, devido “ao estado da economia local, a instabilidade política e a limitação à liberdade de expressão”.

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