Criticado por Israel, Guterres mantém afirmação de que houve “força excessiva” em Jenin

Porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas responde a enviado israelita na ONU, que falou em declaração “vergonhosa”.

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O secretário-geral da ONU, António Guterres, mantém as críticas que fez a Israel pela operação militar em Jenin RALPH TEDY EROL/Reuters
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O secretário-geral da ONU, António Guterres, manteve o que afirmou na quinta-feira sobre a operação militar que Israel levou a cabo no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, depois de críticas de Israel à sua declaração.

O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, criticou o secretário-geral da ONU, António Guterres, dizendo que a sua avaliação da operação militar israelita em Jenin, na Cisjordânia, não tinha “ligação com a realidade”.

Um porta-voz de Guterres disse que o secretário-geral da ONU tinha já tornado público o seu ponto de vista sobre a operação “e mantém-no”, segundo a Associated Press.

Guterres destacou o impacto da operação militar israelita, que incluiu ataques aéreos e uma incursão terrestre com bulldozers, que deixou mais de cem civis feridos, fez milhares de deslocados, causou danos a escolas e hospitais, e provocou cortes nas redes de água e electricidade, cita a agência noticiosa norte-americana.

Guterres criticou ainda Israel por não permitir acesso a cuidados médicos às pessoas feridas, algo que tinha já sido apontado por várias organizações humanitárias. Israel nega que não tenha sido permitido acesso.

Na quinta-feira, a relatora especial da ONU para os direitos humanos nos territórios palestinianos, Francesca Albanese, disse que as forças israelitas poderão ter “violado a lei internacional”, violações que podem constituir crimes de guerra, cita o diário israelita Haaretz. Albanese enumerou ataques a população ocupada provocando mortes e ferimentos, destruição de casas e infra-estruturas e a deslocação arbitrária de milhares de pessoas.

“Os ataques”, continuou Albanese, “constituem um castigo colectivo à população palestiniana, que aos olhos das autoridades israelitas foi classificada como ‘uma ameaça colectiva de segurança’”.

As declarações de Guterres foram feitas também na quinta-feira. Guterres declarou, primeiro, que condenava “todos os actos de violência contra civis, incluindo actos terroristas”. Quando questionado se essa condenação incluía Israel, o secretário-geral da ONU respondeu: “Aplica-se à utilização de toda a força excessiva, e nesta situação houve, obviamente, uso de força excessiva pelas forças israelitas.”

O embaixador de Israel na ONU disse que a declaração era “vergonhosa” e que não tinha “ligação à realidade”.

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