Rock in Rio obriga Rock in Rio Febras no concelho de Guimarães a mudar de nome

A Rock World Lisboa acusou a organização do festival local — gratuito e dependente de trabalho voluntário — de uso indevido da marca e “concorrência desleal”.

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A organização do Rock in Rio Febras já confirmou que vai mudar o nome do festival SERGIO AZENHA (imagem de arquivo)

A empresa responsável pelo Rock in Rio Lisboa notificou o Rock in Rio Febras, agendado para 22 de Julho, em Briteiros S. Salvador, concelho de Guimarães, a mudar de nome, alegando uso indevido da marca e concorrência desleal.

A situação foi tornada pública pela organização do Rock in Rio Febras — que se realiza nas margens do Rio Febras — na página de Facebook, após ter sido notificada pelos advogados da Rock World Lisboa, responsável pela promoção e realização do Rock in Rio Lisboa.

“Comunicamos (com um enorme sorriso de orgulho) que uma atenta, responsável e conceituada sociedade de advogados da capital, nos notificou, em representação da Rock World Lisboa, S.A., entidade organizadora do Rock in Rio Lisboa (sim, esse mesmo), de que teve conhecimento do sucesso do Rock in Rio Febras de 2022, e da organização da edição de 2023, e teme a confusão que a semelhança entre a designação dos dois eventos pode provocar no cidadão incauto. Acusam-nos ainda de 'concorrência desleal' (não é piada). Desta forma, foi-nos veementemente sugerido que alterássemos o nome do festival, sob pena de sermos alvo de acção legal”, lê-se no comunicado divulgado pela organização.

A Rock World Lisboa considera que o Rock in Rio Febras está a utilizar de forma indevida e sem autorização a marca Rock in Rio, configurando igualmente um acto de concorrência desleal.

Contactado esta segunda-feira pela agência Lusa, o presidente da Casa do Povo de Briteiros, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que organiza o Rock in Rio Febras, diz tratar-se de uma iniciativa de um grupo de jovens da freguesia de S. Salvador de Briteiros. “Não tem qualquer intenção (antes isso fosse possível) de concorrer com o Rock in Rio, festival de música realizado no Rio de Janeiro, em Lisboa e em outros pontos do globo. O local onde decorre esta pequena iniciativa é banhado pelo Rio Febras, que atravessa, aliás, a freguesia”, sublinha Vasco Marques.

O presidente da IPSS frisa que o evento não cobra qualquer valor à entrada e depende do “trabalho voluntário de um conjunto de pessoas da comunidade da freguesia de S. Salvador de Briteiros”, acrescentando que “as poucas receitas que poderá ter” revertem para o centro de dia.

No comunicado divulgado no domingo, a organização do Rock in Rio Febras afirma ainda que recebeu “com um enorme sorriso de orgulho” a notificação de “uma atenta, responsável e conceituada sociedade de advogados da capital, em representação da Rock World Lisboa, entidade organizadora do Rock in Rio Lisboa”.

“Após consultarmos a nossa vasta equipa de qualificados especialistas, jurídicos e não só, que acompanha a organização deste evento, e imbuídos do nosso espírito característico make peace, not war, ou em português, ‘queremos lá saber do nome!’, decidimos aceder ao pedido que nos foi tão vigorosamente feito”, revela a organização.

Nesse sentido, o Rock in Rio Febras de 2023, marcado para 22 de Julho, no parque fluvial de Briteiros, terá outro nome.

“Assim, vimos anunciar que o festival de Rock que se realiza nas margens do Rio Febras será, de hoje em diante, denominado Rock no Rio Febras. Ou talvez ‘Rock near (but not ‘in’) Rio Febras’. Quiçá ‘Rock around Rio Febras’. Ainda há alguma indecisão, mas asseguramos o nosso público de que estamos a trabalhar no assunto com a seriedade que o momento exige”, ironiza a organização.

A Lusa tentou contactar a assessoria do Rock in Rio Lisboa, mas até ao momento não foi possível.

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