Lisboa String Trio ganha nova vida num disco com a voz de Sofia Vitória

José Peixoto, Carlos Barreto e agora Marc Planells gravaram, como LST, um disco com a cantora Sofia Vitória. Estreiam-no ao vivo esta sexta-feira em Lisboa, no Teatro Ibérico.

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José Peixoto, Sofia Vitória, Marc Planells e Carlos Barretto DR
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Ao quarto disco, o Lisboa String Trio (LST) renovou a sua sonoridade e apostou na relação com uma única voz, a de Sofia Vitória. Canções Concretas e Outras Histórias, assim se chama o novo álbum é quase todo ele cantado, tem vários poemas de João Monge transformados em canções, e é apresentado ao vivo esta sexta-feira no Teatro Ibérico, em Lisboa, às 21h. Quanto ao trio, é agora composto por José Peixoto (guitarra clássica) e Carlos Barretto (contrabaixo), dois dos fundadores, juntando-se-lhes o catalão Marc Planells (alaúdes, sitar e percussão).

José Peixoto (ex-Madredeus, Cal Viva, Sal) explica ao PÚBLICO como se deu esta mudança: “O LST vai fazer dez anos de existência em 2024. Foi fundado em 2013, mas o primeiro disco é de 2014, portanto é essa a referência. Quando estávamos a falar do próximo disco – porque no disco anterior ensaiámos a gravação com duas amigas nossas, cantoras, a María Berasarte e a Cristina Branco –, pensámos que havia ali território que podia ser aprofundado. Ou seja, queríamos dedicar um capítulo da existência deste grupo à relação do trio com a voz.”

Só que, nessa altura, o guitarrista Bernardo Couto (do trio fundador) disse-lhes que não conseguiria conciliar a sua agenda com o novo trabalho e não queria deixar o grupo refém da agenda dele. A solução, diz Peixoto, foi alterar a composição do trio: “Em vez de mantermos o mesmo instrumento, a guitarra portuguesa, e ficarmos com aquela sensação de ‘fotocópia’, aquém da estrutura humana e estética inicial, decidimos meter outro instrumento de cordas. O Marc era um músico com quem eu já tinha trabalhado, virado a Sul e a Oriente, traz o universo do alaúde, do sitar e da percussão, e achámos que podia ser interessante abrir a porta para esse lado, ao mesmo tempo que experimentávamos essa relação com a voz sem ser apenas numa canção ou duas.”

E é neste contexto que surge o nome de Sofia Vitória, com quem José Peixoto e Carlos Barretto já tinham trabalhado juntos no disco Belo Manto (2017), um ano depois de Peixoto ter tocado em Echoes (2016), disco de Sofia Vitória dedicado à poesia em inglês de Fernando Pessoa. “Foi uma espécie de reiniciar. Quando comecei a olhar para um conjunto de poemas que o João Monge me tinha facultado há uns anos, pensei que a Sofia Vitória seria a voz certa para o tipo de trabalho que eu queria fazer. E, juntamente com o Carlos Barretto, chegámos aqui.”

Canções Concretas e Outras Histórias, o quarto álbum dos LST depois de Matéria (2014), Lisboa (2016) e Aqui e Ali (2020), tem seis poemas de Monge musicados por José Peixoto (Laranjas com versos, Ouço vozes, Chegar à fala, A voz das pedras, Castiçal e As regras da loucura) mais um que, apenas dito (Água e sal), dialoga com um instrumental de Peixoto (O outro lado). A par deles, há mais quatro temas, cada qual da autoria de um dos intervenientes no disco: Lá fora o sol, instrumental de José Peixoto; Bad seed, de Carlos Barretto; Uma história bizarra, de Marc Planells; e Alba, de Sofia Vitória (sem letra, mas com vocalizos).

José Peixoto explica: “Esses temas, exceptuando Lá fora o sol, único que não é cantado mas onde a Sofia toca percussão, não têm letra mas têm a voz como se fosse um instrumento. Acabam por ter um raciocínio instrumental, só que um dos instrumentos é a voz humana.”

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A capa do disco

Lançado nas plataformas digitais, em CD e também em vinil, Canções Concretas e Outras Histórias é apresentado ao vivo esta sexta-feira, 30 de Junho, no Teatro Ibérico, em Lisboa (às 21h). “Vamos tocar o disco todo e, eventualmente, uma ou outra coisa de discos anteriores. Mas essencialmente será a apresentação na íntegra deste novo disco. Porque há soluções anteriores que tinham muito a ver com a guitarra portuguesa, com a sua técnica e o seu som, e como agora a composição instrumental do trio é diferente, temos de ter isso em conta.”

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