Portuguesa tenta chegar à presidência da câmara de Toronto contra mais de 100 candidatos

Ana Bailão recebeu o apoio do jornal Toronto Star e do ex-líder da autarquia que se demitiu em Fevereiro por causa de um escândalo sexual. Um dos 102 candidatos é uma cadela.

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Ana Bailão durante a campanha para as eleições intercalares da câmara de Toronto que se realizam esta segunda-feira Facebook

A portuguesa Ana Bailão vai tentar tornar-se a próxima presidente da câmara municipal de Toronto, a maior cidade canadiana, nas eleições intercalares desta segunda-feira, que se realizam depois da demissão, em Fevereiro, de John Tory, o líder da autarquia, por causa do envolvimento sexual com uma então funcionária do seu gabinete.

Apesar de não ser a favorita nas sondagens, Ana Bailão conseguiu nos últimos dias o apoio do conselho editorial do Toronto Star, o mais importante jornal local, e do próprio Tory.

Não vai ser fácil conseguir destacar-se numa lista de 102 candidatos à presidência que inclui vários políticos e activistas de renome na cidade. Uma lista que tem também as suas peculiaridades, como um jovem de 18 anos e, sobretudo, um cão, ou melhor uma cadela.

Molly, um husky siberiano, surge no boletim ao lado do seu dono, Toby Heaps – a legislação não impede especificamente uma candidatura animal, mas especifica que é preciso ter 18 anos e Molly só tem seis. Uma candidatura que parece ser de protesto contra os políticos é levada muito a sério por Heaps que investiu 20 mil dólares canadianos do seu bolso (cerca de 14 mil euros) para defender, entre outras coisas, que a câmara deite menos sal nas ruas no Inverno (necessário para poder haver circulação por causa da neve) porque faz mal ao ambiente e às patas dos cães.

Além de Molly, quem mais tem atraído a atenção dos media, além de Bailão, são a antiga deputada federal do NDP (esquerda) Olívia Chow, o ex-chefe da polícia de Toronto Mark Saunders, os vereadores Josh Matlow e Brad Bradford, a ex-deputada provincial Mitzie Hunter e o ex-colunista do jornal Toronto Sun, Anthony Fury.

Ana Bailão, natural de Vila Franca de Xira, que chegou ao Canadá com 15 anos, foi vereadora entre 2010 a 2022, tendo representado o distrito eleitoral da Davenport, e mais recentemente o bairro 18, devido à reformulação dos distritos eleitorais, tendo sido eleita com 84% dos votos nas eleições de há cinco anos.

Formada pela Universidade de Toronto em Sociologia e Estudos Europeus, desde 2010 foi responsável para comissão municipal de habitação a preços acessíveis, tento sido nomeada vice-presidente do município, no executivo que ainda integra.

Durante a campanha, a centrista tem vindo a afirmar que é a única que pode "unir a câmara municipal" e chegar a um "consenso com os governos do Ontário e de Otava".

Uma das suas principais promessas passa por dar a responsabilidade da gestão das auto-estradas DVP e Gardiner ao governo provincial, "poupando ao município de Toronto milhões de dólares", necessários anualmente para a manutenção destas vias.

Olivia Chow tem liderado as sondagens desde que anunciou a sua candidatura, prometendo "tornar a vida mais fácil para as pessoas que têm problemas", com medidas de protecção para os inquilinos e a "construção de habitação a preços acessíveis". No entanto, tem sido criticada por não esclarecer como vai financiar as várias promessas, incluindo qual o aumento do imposto sobre a propriedade.

O novo presidente da câmara de Toronto terá que encontrar formas de superar o défice orçamental, que ultrapassa mais de mil milhões de dólares canadianos (694 mil milhões de euros).

Numa sondagem da Mainstreet Research, divulgada na sexta-feira, Olívia Chow continuava a liderar, com 30% dos votos, contra 22% de Ana Bailão, surgindo depois Anthony Fury (13%) e Mark Saunders (12%), Josh Matlow (9%) e Mitzie Hunter (5%).

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