Detidas quatro pessoas e identificados 243 imigrantes em operação da Polícia Marítima

A operação decorre “no âmbito de mais de três dezenas de mandados de busca, detenção e apreensão”, disse a Autoridade Marítima Nacional. Migrantes estão a ser retirados do armazém.

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"Megaoperação" está a ser realizada pela Unidade Central de Investigação Criminal (UCIC) da Polícia Marítima e decorre “ao nível nacional” Rui Gaudencio

Quatro pessoas foram detidas esta quarta-feira numa operação que está a ser realizada pela Polícia Marítima, ao nível nacional, de combate às redes criminosas associadas à captura ilícita, comércio e tráfico internacional de bivalves, na qual foram identificados 243 imigrantes. A megaoperação decorre desde as 8h na zona do Samouco, em Alcochete, distrito de Setúbal, disse fonte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que participa na operação.

Quatro pessoas foram detidas na "megaoperação" Rui Gaudencio
Quatro pessoas foram detidas na "megaoperação" Rui Gaudencio
Quatro pessoas foram detidas na "megaoperação" Rui Gaudencio
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Quatro pessoas foram detidas na "megaoperação" Rui Gaudencio

“Esta operação decorre no âmbito de mais de três dezenas de mandados de busca, detenção e apreensão, e as diligências irão desenrolar-se ao longo do dia”, tendo já sido detidas quatro pessoas, informou a Autoridade Marítima Nacional (AMN), sem adiantar pormenores.

Em comunicado, a AMN indicou que a “megaoperação” de combate às redes criminosas associadas à captura ilícita, comércio e tráfico internacional de bivalves está a ser realizada pela Unidade Central de Investigação Criminal (UCIC) da Polícia Marítima e decorre “ao nível nacional”.

“Nesta operação, onde está incluída ainda a exploração laboral humana, estão empenhados no terreno 161 agentes da Polícia Marítima, acompanhados por 22 inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), inspectores da Autoridade Tributária e cerca de uma centena de operacionais da PSP”, referiu a Autoridade Marítima.

No âmbito da análise operacional, a operação conta também com a colaboração do Serviço de Informação e Segurança (SIS). Ao local dirigiram-se também equipas de apoio social do Instituto da Segurança social.

Até ao momento, “o SEF identificou 243 imigrantes, tendo notificado nove cidadãos estrangeiros para comparência no SEF, a fim de esclarecer a sua situação em território nacional”, adiantou a AMN.

Parte dos migrantes que foram identificados a viver em condições precárias num armazém na zona de Alcochete e que estarão ligados à apanha ilegal de bivalves no Tejo começaram a ser retirados dessas instalações e a ser transportados para os Bombeiros Voluntários do Montijo onde serão acolhidos.

Em declarações ao PÚBLICO, o presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, explicou que foi montado nas instalações dos bombeiros um "espaço de campanha" para acolher estes migrantes. Será uma resposta para "um ou dois dias", disse. "Estamos a utilizar os hospitais de campanha que compramos para a COVID", notou o autarca.

O apoio social ficará a cargo da Segurança Social. A câmara irá disponibilizar também refeições.

Autarca de Alcochete defende task force

O presidente da Câmara de Alcochete afirmou esta quarta-feira que não está surpreendido com a megaoperação de combate ao tráfico de seres humanos a decorrer naquele concelho e defendeu a criação de uma task force para combater o problema.

“Não estou nada surpreendido. Aquilo que eu sempre sugeri foi que o Estado deveria criar uma task force onde as entidades estivessem todas unidas num só objectivo, que fosse, de facto, encontrar uma solução para este problema, tal como aconteceu, por exemplo, com o processo de vacinação”, disse à agência Lusa Fernando Pinto (PS).

“De uma coisa não tenho dúvidas: todos os dias há um conjunto de crimes ambientais, económicos e de saúde pública, que são cometidos no estuário do Tejo. É um problema que não foi resolvido há 15 anos, quando era pequenino, e que se foi agravando progressivamente ao longo dos anos”, acrescentou o autarca de Alcochete, no distrito de Setúbal.

O presidente da Câmara de Alcochete garante que nada o move contra os mariscadores, que em muitos casos fazem da apanha ilegal de amêijoa no estuário do Tejo o seu ganha-pão, mas reconhece a necessidade de se resolver o problema.

“Têm que se criar condições para que esta actividade deixe de ser ilegal, verificar se há possibilidade de se criar essas condições. E, se houver, que isso de facto seja desenvolvido, para que as pessoas, legalmente, possam desenvolver essa actividade, devidamente regulamentada”, defendeu.

“E que todos estes processos de origem criminosa possam desaparecer, porque nada abonam não só o concelho de Alcochete, mas também o nosso país, até porque este é um assunto que extravasa já o nosso país e que envolve outros países. Daí as operações que já se têm desenvolvido de forma internacional”, concluiu o presidente da Câmara Municipal de Alcochete.

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