Erdogan acusa o “colonialismo” europeu pelo “cemitério de refugiados” em que se transformou o Mediterrâneo

Presidente turco fala em “postura arrogante” da Europa e diz que quem “dá lições a outros sobre direitos humanos e democracia” deve assumir a sua “responsabilidade”.

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Manifestação em Atenas contra a actuação da guarda costeira grega no naufrágio do barco de migrantes no dia 13 que resultou em cerca de 500 mortos e desaparecidos LOUIZA VRADI/Reuters
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O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, denunciou esta quarta-feira que o mar Mediterrâneo “se tornou um enorme cemitério de refugiados” devido a uma “atitude arrogante enraizada no colonialismo” por parte dos países europeus.

“O mar Mediterrâneo, berço de civilizações ao longo da História, tornou-se um enorme cemitério de refugiados nos últimos anos, em grande parte devido à influência de uma atitude arrogante enraizada no colonialismo“, afirmou.

“O exemplo mais recente e vergonhoso disso foi a tragédia humana que ocorreu na semana passada, na qual centenas de pessoas inocentes, a maioria crianças, perderam a vida”, disse, referindo-se ao naufrágio de um barco de pesca ao largo da costa da Grécia, que resultou em cerca de 500 mortos e desaparecidos.

Assim, enfatizou que “o problema dos refugiados pode ser resolvido eliminando as causas subjacentes da migração e do deslocamento forçado”, acrescentando que a comunidade internacional, especialmente os países que “dão lições sobre direitos humanos e democracia”, devem assumir a sua “responsabilidade”.

Erdogan acrescentou que a Turquia rejeita “o discurso de ódio, a ideologia neonazi e a retórica xenófoba e antimuçulmana” contra os refugiados, que “se espalha como um veneno para outras sociedades depois de enraizada nos países ocidentais”. Para o Presidente turco, “uma atitude que não aceita aqueles que não são da mesma raça, cultura e crença é uma ameaça aos valores humanitários e ao futuro comum da Humanidade”.

Nesse sentido, defendeu que os migrantes são forçados a fugir de suas casas devido ao terrorismo, conflitos, guerras civis e fome, entre outros factores, e lembrou que há hoje cerca de 110 milhões de pessoas deslocadas de forma forçada no mundo.

“A nossa posição em relação à migração irregular e à questão dos refugiados, que representa um desafio global, é a de proteger a vida humana e a dignidade, ao mesmo tempo que protegemos a segurança do país”, argumentou, segundo um comunicado divulgado pela Presidência turca no seu site.

“O nosso povo, que há séculos tem apoiado sem discriminação aqueles que fogem da perseguição, mostrou novamente a mesma postura diante das crises na nossa região, da Síria à Ucrânia”, sublinhou Erdogan, enfatizando que a Turquia “cumpre sempre o seu dever humanitário e de vizinhança”.

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