Quatro palestinianos mortos em operação militar israelita em Jenin

Entre os mortos está um menor. Israel chegou a usar um helicóptero para disparar contra palestinianos. Dois soldados e cinco agentes da Polícia de Fronteira israelita ficaram feridos.

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Um blindado israelita atacado com um artefacto explosivo ALAA BADARNEH/EPA
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Pelo menos quatro palestinianos morreram esta segunda-feira durante uma operação levada a cabo pelo Exército de Israel na cidade de Jenin, na Cisjordânia, numa incursão que resultou em confrontos intensos e incluiu disparos de um helicóptero militar contra "pessoas armadas" na tentativa de facilitar a saída dos militares da área após um ataque com explosivos contra o seu veículo.

O Ministério da Saúde palestiniano indicou na sua conta do Facebook que entre os mortos está um menor, identificado como Ahmad Saqer, de 15 anos, enquanto os outros falecidos são Qais Majdi Adel Yabarin, de 21 anos; Jaled Azam Esasa, de 21 anos; e Qasam Faisal abu Sarya, de 29 anos. Além disso, destacaram que outras 45 pessoas ficaram feridas. As autoridades israelitas confirmaram que dois soldados e cinco agentes da Polícia de Fronteira ficaram feridos durante os confrontos.

O Exército de Israel e a Polícia de Fronteira detalharam em comunicado conjunto que a operação foi lançada para "prender dois suspeitos procurados na cidade de Jenin" e que isso resultou num " intenso tiroteio" entre os soldados e "homens armados".

"Um grande número de artefactos explosivos foi lançado contra as forças [israelitas], que responderam com fogo real", tendo sido "identificados impactos", sem adiantar mais detalhes sobre possíveis feridos ou mortos entre os palestinianos.

"Quando as forças de segurança saíam da cidade, um veículo militar foi atingido por um artefacto explosivo, danificando o veículo. Além disso, após identificar pessoas armadas na cidade de Jenin, helicópteros do Exército abriram fogo contra elas para apoiar a retirada das forças. As trocas de tiros continuam ", acrescenta o texto.

Pouco depois, publicaram um segundo comunicado no qual indicaram que "durante a actividade, dois soldados ficaram feridos, um ligeiramente e outro em estado moderado". Além disso, “cinco membros da Polícia de Fronteira de Israel ficaram feridos, dois em estado moderado e três em estado ligeiro", disseram, acrescentando que “foram levados para um hospital para receber tratamento médico" e que "as suas famílias foram notificadas".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestiniano condenou "nos termos mais fortes" a "contínua agressão da ocupação" contra Jenin "e outras áreas", bem como "as execuções extrajudiciais resultantes e as atrozes punições colectivas", segundo um comunicado publicado no seu site.

Entre essas punições, salientaram, estão "restrições de movimento que afectam sua capacidade de ir para o trabalho, para a escola, para a universidade e para os centros de saúde", antes de afirmar que o uso de helicópteros armados na operação "é uma clara demonstração da perigosa política israelita de escalada [do conflito]".

"É uma chamada oficial de Israel a um ciclo de violência e a uma tentativa de exportar as crises e problemas da coligação israelita para o cenário palestiniano. O nosso povo pagará um preço alto", alertaram os palestinianos, ao mesmo tempo que salientaram que a incursão em Jenin busca "satisfazer os desejos dos líderes da ocupação e dos colonos extremistas, que são fascistas".

Por isso, afirmaram que "o Governo israelita e os seus diversos ramos tentam, com essas incursões e invasões e com seu enraizamento em áreas palestinianas, dar a impressão aos que tomam decisões em outros países de que buscam soluções militares e de segurança na relação com o povo palestiniano e a sua causa, a fim de ocultar e desvalorizar uma solução política para o conflito".

"Os sucessivos governos israelitas vêm evitando [essa solução] porque se recusam a pagar compensações de paz à parte palestiniana e devido à sua decisão de aprofundar a ocupação colonial racista e completar a anexação da Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental", disseram, ao mesmo tempo que expressaram sua "profunda insatisfação" com "a indiferença e o silêncio da comunidade internacional".

A tensão tem estado em alta nos últimos meses, com operações militares de Israel praticamente diárias em diferentes pontos da Cisjordânia. Desde o princípio do ano morreram mais de uma centena de palestinianos, a maioria em confrontos com as forças de segurança, bem como 20 israelitas em diversos ataques.

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