Açores: acesso à Lagoa do Fogo no Verão só será possivel por shuttle

A partir de quinta-feira e até Setembro, o acesso à Lagoa do Fogo é feito por um autocarro, de ida e volta. O shuttle será gratuito para residentes e vai custar cinco euros para não residentes.

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Lagoa do Fogo, em São Miguel, nos Açores Federico Meneghetti/REDA&CO/ Getty Images

O acesso à Lagoa do Fogo, na ilha de São Miguel, vai passar a fazer-se, a partir de quinta-feira, através de um serviço de transporte de ida e volta (shuttle), anunciou esta segunda-feira a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infra-estruturas. Será vedada a circulação de viaturas particulares e só o pequeno autocarro fará o percurso.

De acordo com Berta Cabral, o shuttle será gratuito para os residentes e terá um custo de cinco euros para não residentes. A governante assinou esta segunda-feira, em Ponta Delgada, o contrato de adjudicação do serviço shuttle à empresa Atlanticoenergy.

Este serviço de transporte para a Lagoa do Fogo irá sair da Caldeira Velha, no concelho da Ribeira Grande, e termina na Casa da Água, na Lagoa, fazendo depois o percurso inverso. Pelo caminho, o autocarro passa por seis pontos de atracção turística, acrescentou Berta Cabral.

Segundo a secretária regional, este transporte vai funcionar com paragens em vários sítios permitindo que os turistas possam interromper e seguir viagem e vai cobrir cerca de 14 quilómetros, das 09h às 19h, todos os dias da semana, incluindo feriados nacionais, regionais ou municipais, até 30 de Setembro.

A medida, proposta pela Iniciativa Liberal (IL), foi aprovada no parlamento regional em Janeiro e pretende acabar com a concentração de automóveis junto ao miradouro, uma situação que se verificou durante as últimas épocas altas. O diploma aprovado – teve apenas um voto contra, do independente Carlos Furtado (eleito pelo Chega) – pretende criar seis pontos de paragem turística no percurso do autocarro, ligando a central geotérmica do Pico Vermelho, na Ribeira Grande, ao parque de merendas dos Remédios, na Lagoa. Um trajecto com cerca de 11 quilómetros.

Não resolve tudo

Berta Cabral anunciou ainda que os bilhetes serão comprados através de uma plataforma digital e que os carros alugados vão deixar de circular na estrada entre a Caldeira Velha (Ribeira Grande) e a Casa da Água (Lagoa).

O objectivo é que esses veículos alugados estacionem nos parques de estacionamento existentes na zona e que os passageiros usem o shuttle para chegar à Lagoa do Fogo.

A governante acrescentou que o parque de estacionamento da Caldeira Velha (101 lugares) e o parque de estacionamento junto à Casa da Água (60 lugares) foram incrementados em mais 30 lugares cada.

A utilização do parque no miradouro da Lagoa do Fogo (48 lugares) manter-se-á gratuita nos primeiros 20 minutos e sujeita a pagamento nos períodos seguintes, sendo que, no total, estarão disponíveis cerca de 200 lugares de estacionamento.

Berta Cabral disse que a concessão foi feita por três anos, tendo o preço base sido de cerca de 453 mil euros, mas a empresa exploradora apresentou um valor de 409.999 mil euros, acrescido de IVA.

Questionada sobre o facto de a opção pelo shuttle não retirar a pressão turística à cratera da Lagoa do Fogo, para a qual há vários trilhos de acesso, a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infra-estruturas considerou que este acesso "tem de ser disciplinado" e "que terá outra forma de se controlar por parte do secretário regional do Ambiente e Alterações Climáticas", que "encontrará a melhor forma de o fazer".

Em Janeiro, em declarações ao PÚBLICO, o secretário do Ambiente e Alterações Climáticas do Governo Regional, Alonso Miguel, alertou que o sistema de shuttle “resolve um problema, mas não resolve outro”. “São dois problemas distintos. Um é disciplinar o acesso de viaturas ao miradouro. O outro é o controlo do percurso no interior da caldeira”, afirma, considerando “imprescindível” criar um “ponto de controlo” para definir a “capacidade de carga” e o “número de pessoas em simultâneo na cratera” e elaborar um “regulamento com regras de utilização”.

E na mesma altura lembrou: “A minha principal preocupação é proteger tudo o que está no interior da caldeira da Lagoa do Fogo. A zona da Rede Natura 2000, a zona húmida e a massa de água que é estratégica para São Miguel. Para salvaguardar esse património, é preciso disciplinar o acesso ao interior da caldeira e para isso precisamos de um ponto de controlo.”

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