Marcelo diz que não falou nem um segundo de política interna com Costa na África do Sul

O Presidente da República sublinhou a “convergência total” com o primeiro-ministro em questões de política externa.

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O chefe de Estado descreveu Portugal como "o maior e melhor país do mundo" LUSA/TIAGO PETINGA

O Presidente da República disse esta quarta-feira que não falou nem um segundo sobre política interna com o primeiro-ministro na África do Sul, mas realçou a "convergência total" entre os dois em matéria de política externa.

Marcelo Rebelo de Sousa respondia a perguntas dos jornalistas no fim das comemorações do Dia de Portugal na África do Sul, na Associação da Comunidade Portuguesa de Pretória, de onde o chefe do Governo, António Costa, saiu mais cedo, para viajar de regresso a Portugal.

Interrogado sobre se teve tempo para falar com António Costa sobre as audições de governantes e ex-governantes desta semana no parlamento, o chefe de Estado respondeu: "Não tive, não tive tempo para falar com o primeiro-ministro, francamente, se não à entrada e à saída das cerimónias, porque foi um programa tão intenso".

"Ele, ainda por cima, esteve menos tempo, teve de partir mais cedo, chegou mais tarde. E nós trocámos impressões ocasionais sobre o que se passava aqui, as relações Portugal-África do Sul. Concordou comigo com uma prioridade maior a dar à África do Sul, e a África do Sul a dar a Portugal", disse.

O Presidente da República acrescentou que "propriamente sobre Portugal" não falaram: "Não houve, mas é que não houve mesmo, um segundo para falarmos de política interna".

Marcelo Rebelo de Sousa evitou qualificar o estado das suas relações com o primeiro-ministro, mas realçou que "na problemática internacional há uma convergência total".

Questionado se o problema é a política interna, declarou: "Eu não direi que é problema. Direi é que quando estamos verdadeiramente focados na política externa, e estamos no estrangeiro, a parte internacional é fundamental, isso domina as preocupações de um e de outro".

Portugal é "o maior e melhor país do mundo", diz Marcelo

O chefe de Estado discursou num palco em que também estava o primeiro-ministro, António Costa, e esta foi a primeira mensagem que dirigiu aos emigrantes portugueses e luso-descendentes presentes na sala: "Nós somos o maior e o melhor país do mundo. Não é só por ser o nosso, nós somos muito, muito bons. Naquilo em que somos melhores, somos mesmo melhores".

O Presidente da República assinalou que o português é "a segunda língua mais falada no hemisfério sul, segunda língua mais usada no digital, a quinta língua mais usada no mundo", com uma "comunidade de língua oficial portuguesa em todos os continentes banhados por todos os oceanos".

Referindo-se à realidade africana, Marcelo Rebelo de Sousa relatou como responde sempre que um chefe de Estado lhe "vem dar lições de História" sobre o que se passa em países como o Mali, a República Centro-Africana ou a Etiópia.

"Eu digo: nós já lá estivemos há 400 anos, ora, não me venha dar lições de História, porque isso sabemos nós, de frente para trás, de trás para a frente", afirmou, observando: "Vão de carrinho".

O chefe de Estado questionou depois as opiniões que "mesmo às vezes os mais poderosos do mundo, amigos americanos", vêm dar sobre África: "Mas pensam isso de África, como? O que conhecem de África é a Libéria, que era uma espécie de quinta americana. De resto, nunca estiveram em África".

"Nós estivemos, nós conhecemos. E há portugueses em todos os países do mundo", acrescentou.

Nesta intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa falou apenas de emigração, e não do colonialismo português, elogiando aqueles que tiveram "a coragem para partir com uma mão à frente e outra atrás para ir viver longe, muito longe, para aí criar novos Portugais".

"Nós começámos muito cedo a sair do território físico que era o de Portugal e a partir pelo mundo. Fomos assim. Português é universal, e não há universo onde não haja um português em todos os pontos", disse.

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