O Verão Azul e os exames nacionais

Hoje, a ansiedade e o medo são tão fortes que parecem contrastar com o desejo e o sonho. Como se as tarefas adolescentes fossem apenas estudar, preparar um futuro, defender-se da hipótese do erro.

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Como podem os pais acalmar os filhos neste período conturbado dos exames? Getty Images
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Em Verão Azul, série televisiva dos anos 1980, Bea, Desi, Quique, Piraña, Javi e Tito vivem, na Costa do Sol, aventuras de verão, com amores e desamores, encontros e desencontros que os ajudam a crescer. É o verão dos livros, das séries, dos desejos adolescentes de “aproveitar e viver o verão”, como dizem os jovens, também atualmente, em consulta. Hoje, a ansiedade e o medo são tão fortes que parecem contrastar, fragmentados, com o desejo e o sonho. Como se as tarefas adolescentes fossem apenas estudar, preparar um possível futuro, defender-se da hipótese do erro e da falha.

Adolescentes paralisados, bloqueados, numa espécie de burnout académico, dificilmente compatível com um verão azul e uma vida colorida. Adolescentes que afirmam sentirem-se sós, num processo avaliativo que imaginam definir completamente a sua vida futura. Sentem uma pressão avassaladora (muitas vezes desistindo a meio do caminho), vivem, em competição, a ausência da camaradagem do grupo. São, também, os dias aborrecidos de verão, dias longos de sol até tarde, de nadas em compromisso, que ajudam a criar, pois é do vazio que se constrói algo.

Parece que não há tempo para este vazio criativo, permanecendo na tensão pré-exame ou na espera ansiosa de resultados. E como podem os pais acalmar os filhos neste período conturbado? Acreditar que o desempenho dos filhos não avalia os pais: um filho não é um prolongamento dos desejos dos pais. Saber que um filho é uma pessoa livre: de sentimentos, de desejos, de ambições. É essa a beleza da vida: construir diferente e observar essa construção como um mar grande de possibilidades. Ainda assim, observar o filho como uma pessoa frágil: necessitada de apoio e segurança, apenas possível de alcançar com amor, coragem e esperança.

A determinação e a motivação surgem da segurança das aquisições anteriores. Ajudar o filho a expressar os seus medos e preocupações: numa presença calorosa e empática, distante do fazer em vez do filho. Estar presente é o melhor que os pais poderão fazer. Ajudar a estabelecer uma rotina equilibrada (emocional e social): é essencial para ajudar os filhos a lidar com o stress dos exames. Ter tempo adequado para estudar, descansar, praticar atividades físicas e socializar. Encorajar a fazer pausas regulares: lembrar que descansar é tão importante quanto estudar. Fazer pausas para recarregar energias e colmatar o stress. Fornecer um ambiente de estudo adequado: criar um ambiente propício ao estudo em casa. Um ambiente organizado e adequado contribuirá para a concentração e para a produtividade. Não é assim consigo? Incentivar hábitos saudáveis: lembrar os filhos da importância de cuidar da saúde sempre e mais ainda, durante um período stressante; ter uma alimentação equilibrada, dormir o suficiente e praticar atividades físicas regularmente.

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Adolescentes paralisados, bloqueados, numa espécie de burnout académico, dificilmente é compatível com um verão azul e uma vida colorida Getty Images

Hábitos saudáveis fortalecem o corpo e a mente, ajudando a reduzir a ansiedade e a aumentar a capacidade de concentração. Mostrar apoio incondicional: fazer com que o filho sinta que o seu amor e apoio são incondicionais. Reforçar constantemente que o seu valor não está nas notas dos exames, mas sim no seu esforço, dedicação e crescimento pessoal. Mostrar que está ao seu lado, independentemente dos resultados, e que a sua felicidade e bem-estar são prioridades. Celebrar e reconhecer pequenas conquistas ao longo do processo de preparação para exames.

A ideia de autorregulação organísmica, desenvolvida pelo neurofisiologista Kurt Goldstain (e usada na psicologia Gestalt), devolve a cada um a capacidade de olhar para dentro, conseguindo identificar o que precisa em cada momento, através de ajustes que fazemos entre eu e o que nos rodeia e envolve. O crescimento é isso mesmo, a capacidade de ir ajustando novos conhecimentos e mudanças: um Verão Azul em movimento. Deixo a canção Those lazy, hazy, crazy days of Summer, de Nat King Cole, sobre os dias preguiçosos, nebulosos e loucos de verão, num desejoso caloroso de boa sorte a todos: aos jovens e aos pais, para que, juntos, coconstruam, criativamente, uma vida feliz.

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