Apesar do El Niño, época de furacões prevê 12 a 17 tempestades no Atlântico

NOAA antevê que se formem em 2023 entre 12 e 17 tempestades que chegam a ser baptizadas e, entre estas, cinco a nove podem tornar-se furacões, incluindo um a quatro com ventos acima de 178 km/hora.

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Furação Dorian sobre as Bahamas, a aproximar-se da costa da Florida, em 2019 NOAA/NESDIS/STAR GOES HANDOUT
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Apesar de se estar a formar o padrão climático El Niño, que afecta o tempo em todo o globo, há boas hipóteses de este ano termos uma época de furacões normal no Atlântico, segundo as previsões da Administração para o Oceano e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês) norte-americana, divulgadas nesta quinta-feira.

“Temos condições muito raras este ano, com uma La Niña a dissipar-se e um El Niño [o padrão climático contrário] a formar-se, não temos muitos termos de comparação com isto”, disse o cientista da NOAA Matthew Rosencrans, numa conferência de imprensa transmitida online. Mas, enquanto o El Niño faz aumentar as tempestades no Pacífico, tende a reduzir o número de tempestades na bacia do Atlântico.

Ainda assim, as águas do Atlântico, sobretudo na costa africana, estão bastante quentes, com 1 a 2 graus Celsius acima dos valores da média dos últimos 30 anos, disse à agência Associated Press Phil Klotzbach, meteorologista da Universidade Estadual do Colorado especialista em previsões para a época de furacões do Atlântico. Isto pode contrabalançar o potencial efeito do El Niño, explica a NOAA.

As temperaturas mais elevadas da água do Atlântico tropical e do mar das Caraíbas geram mais energia, que alimenta a formação de tempestades, e a monção da África Ocidental pode ser mais forte, o que pode levar à formação de tempestades mais fortes e mais duradouras no Atlântico. Estes factores fazem parte da variabilidade normal das condições oceânicas e atmosféricas do Atlântico que estão a fazer com que, desde 1995, as épocas de furacões sejam mais activas, diz um comunicado da NOAA.

40% de hipóteses de época normal

“Este ano há bastante incerteza”, frisa Matthew Rosencrans. Por isso a NOAA dá 40% de hipóteses de que esta seja uma época de furacões praticamente normal na bacia do Atlântico, entre 1 de Junho e 30 de Novembro. Mas há 30% de possibilidades de ser uma época acima do normal, e outros 30% de ser abaixo do normal.

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Destruição causada pelo furacão Ian em 2022, em Fort Myers, na Florida Tannen Maury/EPA

Traduzindo ainda mais por números: a NOAA prevê que se formem entre 12 e 17 tempestades que chegam a ser baptizadas (com ventos superiores a 62,7 km/hora). Entre estas, cinco a nove podem tornar-se furacões (ventos que soprem a mais de 119 km/hora), incluindo um a quatro grandes furacões (ventos acima de 178 km/hora ou tempestades nas categorias 3, 4 e 5 na escala Saffir-Simpson, com cinco valores). A margem de confiança destas previsões é de 70%.

Foi já divulgada a lista de nomes de tempestades no Atlântico de 2023. Da primeira para a última: Arlene, Bret, Cindy, Don, Emily, Franklin, Gert, Harold, Idalia, Jose, Katia, Lee, Margot, Nigel, Ophelia, Philippe, Rina, Sean, Tammy, Vince, Whitney.

As alterações climáticas, no entanto, estão a alterar os padrões, trazendo furacões com um impacto muito maior, e isso sente-se bem, disse Deanne Criswell, administradora da Agência Federal de Gestão das Emergências (FEMA, na sigla em inglês), responsável pela resposta da protecção civil em caso de grandes desastres. “Ter passado por um furacão 3, 4 ou 5 há dez anos é diferente do que temos agora. Temos de conseguir passar essa mensagem às pessoas”, afirmou.

Os estragos provocados pelos grandes furacões aumentaram muito: “Não tenho aqui a estatística exacta, mas nos últimos cinco anos gastámos tanto na recuperação das tempestades como nos anteriores 15”, contabilizou Deanne Criswell.

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