População de lince-ibérico atinge novo recorde: já são 1668

Nasceram 86 crias em 2022 e Portugal tem um total de 261 indivíduos. Depois de quase terem ficado extintos na década de 1990, o lince-ibérico volta a ocupar território em Portugal e Espanha.

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Uma cria de lince-ibérico (Lynx pardinus) com 25 dias de idade na sala de incubação do Centro de Cria del Lince Iberico El Acebuche, no Parque Nacional de Donana, Andaluzia, Espanha Sergio Pitamitz/VWPics/Universal Images Group/Getty Images
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O número de linces-ibéricos em perigo de extinção em Espanha e Portugal atingiu os 1668 em 2022, informou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) — é um novo recorde desde o início de um esforço de conservação há 20 anos para salvar uma população que tinha diminuído para menos de 100. Na última contagem, segundo os dados do Censo da população desta espécie relativo a 2021, havia um total de 1365 linces. Em Portugal, o número passou de 209 para 261 em 2022, nasceram 86 crias em 2022.

No final da década de 1990, a espécie estava à beira da extinção devido à caça furtiva, aos acidentes rodoviários e à invasão do seu habitat pela agricultura e pelo desenvolvimento industrial. Nessa altura, apenas 94 indivíduos estavam registados em Espanha e nenhum em Portugal.

Desde a década de 1950 até 2004 que a área de distribuição de linces-ibéricos foi diminuindo, em grande parte também por causa do declínio da presa preferida desta espécie: o coelho-bravo. Em Portugal, estes linces já alargaram a sua área de distribuição nos últimos anos e foi por isso que os linces Sidra e Salao foram o segundo casal de linces a serem largados no Algarve, em Maio de 2022, quando antes só eram no Alentejo.

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Os linces libertados na natureza são acompanhados através de uma coleira com radiotransmissores e a decisão de soltar este casal no Algarve foi tomada precisamente depois de se perceber que era para aí que os linces se estavam a dirigir. Era onde encontravam alimento e condições para se reproduzirem e correrem.

“Em 2022, o Censo conduzido pelas autoridades ambientais competentes, com a colaboração de organizações não governamentais que apoiam as actividades de monitorização e conservação da espécie, registou 15 núcleos populacionais reprodutores de lince-ibérico, dos quais 14 existem em Espanha — seis núcleos na Andaluzia, quatro em Castela-La Mancha e quatro na Estremadura — e um núcleo em Portugal", refere o comunicado do ICNF.

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Libertacao do casal de linces Sidra e Salao na serra de Alcoutim Daniel Rocha

A mais recente contagem, diz o ICNF, assinala em Portugal “um núcleo de reprodução localizado no Sul do país, designado por Vale do Guadiana, dividido em três subnúcleos (Mértola e Serpa no Alentejo, e o de Alcoutim no Algarve)”. Portugal possui actualmente 49 fêmeas reprodutoras na natureza, que geraram 86 crias durante a temporada de 2022, destaca ainda o comunicado.

Desde o início do século XXI, os esforços de recuperação desta espécie envolveram diversos projectos LIFE desde 2002 até ao presente, bem como o desenvolvimento da reprodução em cativeiro no âmbito do programa de conservação ex situ. Em 2020, a população atingiu a marca de mil exemplares e continua a aumentar também em relação à sua área de distribuição nos anos antecedentes. Desde o início, 338 linces nascidos em cativeiro foram libertados na natureza.

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Conhecido pelas suas orelhas pontiagudas, patas longas e pelagem manchada semelhante à do leopardo, o lince-ibérico é uma espécie distinta do lince euro-asiático, mais comum desde França até aos Himalaias.

De acordo com o levantamento anual da população, no ano passado nasceram na Península Ibérica um total de 563 crias, mantendo-se a forte tendência de crescimento registada desde 2015, ano em que a União Internacional para a Conservação da Natureza desceu o nível de ameaça de “criticamente em perigo” para “em perigo”.

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