Quotas na avaliação da função pública mantêm-se, mas com ajustes

Mariana Vieira da Silva reconheceu, no Parlamento, que quotas são “excessivamente restritivas” e prevê alterações.

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Mariana Vieira da Silva, ministra da Presidência, adiantou que será criada uma nova menção qualitativa para acelerar as progressões LUSA/TIAGO PETINGA

A ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, reafirmou nesta terça-feira que o Governo vai manter as quotas do Sistema Integrado de Avaliação de Desempenho da Administração Pública (SIADAP), indicando que estas serão alteradas após negociação com sindicatos.

Mariana Vieira da Silva falava numa audição na Comissão de Administração Pública, Ordenamento do Território e Poder Local, realizada a pedido do grupo parlamentar do Chega sobre as negociações para a revisão de carreiras e do SIADAP.

"A posição do Governo em matéria de quotas é de que elas são úteis e necessárias e que não faremos um SIADAP sem quotas, mas que, tal como se encontram definidas neste momento, são excessivamente restritivas", pelo que haverá alterações que serão negociadas com os sindicatos, disse a ministra.

Vieira da Silva disse que, após negociação com os sindicatos, o Governo apresentará uma proposta sobre a revisão do SIADAP em Julho, estando neste momento em cima da mesa a possibilidade de criar uma nova menção qualitativa com o objectivo de tornar as progressões mais rápidas.

O deputado Bruno Nunes, do Chega, considerou que "a questão das quotas é um dos problemas" do SIADAP que acaba por "não beneficiar a meritocracia".

Também o deputado do PSD João Barbosa de Melo afirmou que o actual sistema de avaliação é "hiper complexo" e "não permite uma avaliação justa", criticando o Governo por "ir corrigindo coisinhas" em vez de fazer uma alteração de fundo.

A deputada do PCP Paula Santos voltou a defender a revogação do actual SIADAP, enquanto a bloquista Isabel Pires considerou o sistema "pouco transparente", sublinhando que "tem funcionado como mecanismo de contenção salarial".

Em resposta, a ministra disse que "o que provoca maior injustiça" no SIADAP são "os anos em que as carreiras estiveram congeladas", defendendo que a proposta do Governo pretende avançar com um sistema de quotas que promova uma avaliação "mais justa".

Um sistema sem quotas seria "uma desvalorização da avaliação", sublinhou a governante.

A proposta do Governo para rever o SIADAP foi apresentada no final de Janeiro às estruturas sindicais e segundo o executivo deverá entrar em vigor no próximo ciclo avaliativo, que começa em 2025.

De acordo com a proposta do Governo, o ciclo avaliativo deixará de ser bienal e passará a anual o que, conjugado com a medida já em vigor de manutenção dos pontos sobrantes, permitirá acelerar as progressões, segundo a ministra.

O Governo pretende ainda criar uma nova menção na escala avaliativa, que actualmente é constituída pelos níveis "adequado" (que vale dois pontos), "relevante" (quatro pontos) e "excelente" (seis pontos).

O actual sistema prevê quotas por serviço de 25% para a classificação de "relevante" e, dentro destes, uma quota de 5% para a atribuição de "excelente", sendo as progressões obrigatórias quando os trabalhadores completam 10 pontos.

O SIADAP abrange "mais de 65%" dos cerca de 730 mil trabalhadores da Administração Pública, segundo o Governo.

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