Mês de Abril foi o terceiro mais seco desde 1931

IPMA indica que Abril de 2023 foi “muito quente” e “extremamente seco”, resultando numa diminuição da percentagem de água no solo e no aumento da área do continente em situação de seca meteorológica.

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89% do território continental estava em seca no final da Abril Miguel Manso
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O mês de Abril de 2023 foi o terceiro mais seco e o quarto mais quente desde 1931, de acordo com o boletim climático de Portugal continental divulgado esta terça-feira pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O mês "muito quente em relação à temperatura do ar e extremamente seco em relação à precipitação" levou a uma diminuição "muito significativa" da percentagem de água no solo e a um aumento do território em seca meteorológica.

O relatório indica que o valor médio da temperatura do ar foi de 16,59 graus Celsius (°C), mais 3,43 °C do que o valor normal entre 1971 e 2000. O registo posiciona Abril de 2023 apenas atrás dos valores de 1945, 1997 e 2011. E o valor médio da temperatura máxima no continente português foi mesmo o mais alto desde 1931, com uma média de 23,77 °C, "muito superior ao normal" – mais 5,59 °C​. Já o valor médio da temperatura mínima do ar foi de 9,41 graus Celsius, ainda assim 1,28 °C superior ao normal.

O IPMA assinala que várias estações meteorológicas da rede viram os anteriores valores mais altos de máximas e mínimas quebrados. A maioria destes casos aconteceu a 27 de Abril, data em que, em Mora, os termómetros chegaram aos 36,9 graus Celsius, batendo um registo máximo que se verificava desde Abril de 1945. O dia 27 de Abril foi, aliás, o dia de Abril "mais quente dos últimos 16 anos em Portugal continental", nota o IPMA.

O boletim climático acrescenta ainda que foram registadas três ondas de calor em Portugal continental, afectando as regiões do interior norte e centro, o vale do Tejo, Alentejo e sotavento Algarvio.

O mês de Abril foi também muito seco, com um total de precipitação de 18,2 milímetros, uma marca "muito inferior ao valor médio". Foi o terceiro Abril mais seco desde 1931, apenas atrás de 2017 e 1965.

Os únicos momentos de precipitação "mais significativos" aconteceram na primeira quinzena do mês, em especial na região litoral norte e centro.

Verificou-se também uma diminuição "muito significativa" da percentagem de água no solo, com regiões como o Nordeste Transmontano, o vale do Tejo e o Baixo Alentejo e Algarve a apresentarem valores inferiores a 10% e "alguns locais já ao nível do ponto de emurchecimento permanente.

Esta queda da percentagem de água do solo deve-se à conjugação das duas questões mencionadas acima: valores de precipitação muito inferiores e temperaturas muito acima do normal, que resultam na "ocorrência de valores altos de evapotranspiração e valores significativos de défice de humidade do solo".

Toda a conjuntura leva a um agravamento da seca meteorológica. Abril foi um mês de "aumento significativo da área e da intensidade em seca meteorológica". Na região sul do país, os distritos de Setúbal, Évora, Beja e Faro apresentam níveis de seca "severa a extrema". O IPMA refere que 89% do território continental estava em seca a 30 de Abril, com 34% em seca severa e extrema. Em Março, apenas 10,2% do território apresentava tal intensidade.

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